Extraído do site da Revista Inforochas
A hipervalorização do real e seus possíveis desdobramentos têm dominado a pauta do noticiário econômico recente. Discute-se a tendência de substituição da produção nacional pela importada, bem como da queda de participação de produtos manufaturados nas exportações brasileiras, o que poderia conduzir ao processo de desindustrialização de vários segmentos da atividade, inclusive o de rochas ornamentais e de revestimento.
Este panorama foi avaliado pelo geólogo Cid Chiodi Filho, um dos mais conceituados especialistas brasileiros em análise de mercado de rochas nacional e internacional.
Segundo ele, a taxa cambial e o Custo Brasil, principais responsáveis por um incremento de quase 50% nas importações brasileiras de rochas do 1º trimestre, ainda conduziriam um efeito muito negativo sobre as exportações brasileiras de rochas processadas.
“Se não somos competitivos no mercado externo, também não o seremos no mercado interno. Cria-se uma grande assimetria nos fluxos comerciais, como os agora observados entre Brasil e China”, disse o especialista.
Ele informou que o preço médio das importações brasileiras de materiais rochosos naturais processados tem sido inferior ao das exportações equivalentes. “Ou seja, nossas chapas polidas de granitos e mármores são exportadas por preços maiores que os das chapas importadas; nossos blocos, em contrapartida, têm sido exportados por preços inferiores aos das importações”.
Pode-se pensar, acrescenta Cid, que o Brasil exporta rochas processadas de primeira qualidade e importa de segunda, ou que o Brasil exporta blocos de segunda qualidade e importamos de primeira. “A realidade é que se tornaram muito caras – e, portanto, pouco competitivas – as rochas processadas brasileiras, privilegiando as exportações de matérias-primas e as importações de produtos beneficiados”.
O Brasil está sofrendo de uma nova forma da “doença holandesa”, na qual a apreciação do real é estimulada não só pelo rápido aumento de receita da exportação de commodities agrícolas e minerais. Também pesaria o enorme aporte de capitais de curto prazo, atraídos por altas taxas de juros e, portanto, especulativos, com “graves repercussões” sobre o crescimento e desenvolvimento do país.
“A valorização do real representa apenas a ponta do iceberg. São ainda protagonistas as deficiências na infraestrutura, os altos custos do trabalho, a elevada carga tributária, os pesados encargos sociais, e a incipiente base tecnológica”, afirmou Cid Chiodi.
Conforme o presidente da Abirochas, Reinaldo Sampaio, precisa-se de competências, estratégia e políticas públicas para vender produtos de valor agregados sobretudo os chineses.
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