terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Impacto da crise na indústria capixaba será maior em 2009

Extraído do site do Gazeta Online

foto: Melina Mantovani - Lucas Izoton - Presidente Findes - 'O momento é de cautela'


Alta do dólar, escassez de crédito, redução da demanda, aumento do desemprego. Os números da economia capixaba em 2009 não devem ser tão vigorosos quanto os deste ano, apresentados nesta segunda-feira (8) pelo presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Lucas Izoton. Os reflexos da crise imobiliária nos Estados Unidos, que afetou a economia mundial, já atinge a indústria capixaba. Mas, o cenário para os próximos meses deve ser ainda pior como mostra levantamento feito pela Findes dos diversos setores indústriais.
A dependência da economia capixaba dos grandes projetos e da exportação de commodities vão reverberar em várias áreas de atuação da indústria. O setor metalmecânico deverá ser fortemente impactado diante da revisão dos cronogramas de obras das grandes plantas; da redução da produção nas usinas da Vale e Aracruz Celulose entre outras já anunciadas. A ArcelorMittal Tubarão, a princípio deve manter os projetos de expansão de 7,5 para 11 milhões de toneladas, mas o cronograma será revisto.
Os principais produtos exportados pelo Espírito Santo, de acordo com dados de janeiro à outubro deste ano, são as commodities como minério de ferro (44,45%), aço (26,73%) e celulose (10,41%), todos cotados a dólar. A construção civil deve continuar forte, mas diante da revisão de alguns projetos sofrerá desaceleração. As empresas de outros estados que vieram para o Espírito Santo estão revendo os planos de expansão e o mercado imobiliário, muito aquecido em 2008, pode ser afetado.
"O que acontece é que a indústria capixaba ainda depende muito de commodities. O que nós precisamos fazer é acelerar o processo de melhoria da agregação de valor em todos os setores empresariais para que nós possamos, assim, gerar mais empregos em nosso Estado", disse o presidente do Sistema Findes.
O setor de rochas ornamentais, que já vinha enfrentado problemas ao longo do ano, não vai repetir o desempenho sequer de 2007. A exportação de mármore e granito deve registrar queda entre 15% e 18%, caindo de US$ 730 milhões para pouco mais de US$ 600 milhões até o final de 2008. O setor está em busca de novos mercados para tentar manter o volume de exportação.
O setor industrial capixaba em 2008 apresentou crescimento de 12,9%, muito acima da previsão, segundo Izoton, e deve chegar aos 10% até o final do ano. Já o faturamento acumulado do setor foi de 12,5% e o da produção acumulada foi de 12,9%. No entanto, em outubro houve queda de 2,7% na produção industrial, o que representa o início da crise no Estado.
Os setores que mais cresceram no Espírito Santo até o mês de outubro deste ano foram o da metalúrgica básica, com crescimento de 21,5% e o da indústria extrativa, com 19,6%. Café segue na lista dos produtos mais exportados com 5,97%.
O crescimento das exportações no Estado de janeiro a outubro chegou à 51% superando o do Brasil que ficou em 27,9%. O Estado exportou mais de US$ 8 bilhões no período e a projeção é que chegue a dezembro com US$ 9,8 bilhões.
As importações no Estado cresceram 34,4% no Espírito Santo. O Estado importou mais de US$ 7 bilhões. O número de importações da indústria local deve chegar a US$ 8,5 bilhões. A valorização do dólar traz mais Reais para os exportadores e impacta negativamente as importações, salienta Izoton.
Os principais produtos importados pelo Estado são as Hulhas, ou seja, o carvão mineral (13%), os catodos de cobre (8,4%). Os automóveis ocupam a terceira posição com 7,06%. Em seguida, os produtos que o Estado mais importa são os acessórios para impressoras (4,27%) e tecidos e fios (3,02%).
Cautela
O presidente do Sistema Findes acredita que o momento continua sendo de muita cautela devido à crise econômica mundial. "Continua sendo uma momento de todo mundo reavaliar seus estoques , reduzir seus custos e também atentar muito para o crédito. O fluxo de caixa, ou seja , a disponibilidade financeira é algo essencial que todo o empreendedor, todo empresário vai ter que monitorar no seu dia a dia", disse.
Os dados indicam que o crescimento dos empregos até outubro chegam a 3,3%. Izoton lembra, no entanto que com o desaquecimento da economia, o número de empregos não cresce mais na mesma intensidade. "Eu acredito que em alguns setores possa haver desemprego, mas o que nós precisamos fazer é aproveitar o momento para qualificar ainda mais os nossos trabalhadores para que com a retomada do crescimento e quando essa crise passar, ele possa ter empregos de melhor nível ainda", declarou.
Tendências
Construção Civil:
continua forte, mas está revendo alguns de seus projetos. As empresas de outros estados que vieram para o Espírito Santo estão revendo seus planos de expansão; o mercado imobiliário, muito aquecido em 2008, pode ser afetado;
Vestuário: melhora as condições de exportação e inibe as importações; Pode afetar a fatia no mercado interno;
Metalmecânico: deve reduzir o crescimento, porque poderá haver revisão dos cronogramas de obras das grandes plantas;
Celulose: preços em queda com recuperação no médio prazo. Estão sendo revistos projetos de expansão;
Minério: A demanda cai a curto prazo, mas os planos de investimentos a longo prazo continuam;
Siderurgia: A ArcelorMittal Tubarão, a princípio deve manter seus projetos de expansão de 7,5 para 11 milhões de toneladas, com revisão do cronograma;
Rochas: A crise imobiliária nos EUA impactou fortemente o setor de rochas que exportou US$ 730 milhões em 2007. O setor poderá buscar novos mercados. Deve exportar pouco mais de US$ 600 milhões de dólares em 2008;
Construção Pesada: deve reduzir a previsão de crescimento já que o Governo Estadual, e mesmo as grandes empresas e prefeituras municipais, estão revendo seus projetos. Os projetos do governo federal (Aeroporto e Brs ainda não decolaram).