terça-feira, 31 de agosto de 2010

Invasão de chineses pode gerar 30 mil desempregos no setor de rochas do Estado

Extraído do site Folha Vitória
31/08/2010 às 15h54 - Folha Vitória
Foto: Divulgação/Secom


Os chineses estão de olhos bem abertos no setor de rocha do Espírito Santo e começaram a investir em pedreiras capixabas. A “invasão” pode ser preocupante e a previsão de especialistas é que se o Brasil não investir em melhorias de infraestrutura para baratear o custo da exportação, em 10 anos os chineses serão donos das pedreiras do Estado. Com isso, o país estará fora do mercado de rochas ornamentais.
Com essa previsão, cerca de 30 mil pessoas podem perder seus empregos em terras capixabas. Segundo o especialista americano em rochas ornamentais e proprietário da Montana Stone Gallery, Torin Dixon, este é um risco iminente, já que os chineses estão investindo pesado no ramo.
Torin Dixon, que esteve recentemente no Estado, alertou ainda que as altas taxas de juros e de empréstimo, além da precária infraestrutura, contribuem para o encarecimento do produto nacional. “Se o Brasil não acordar, corre o risco de acontecer o mesmo que com a Itália, que foi o maior exportador de rochas ornamentais, mas não buscou melhorias e perdeu mercado”, destacou.
Dixon avisa que os chineses já estão comprando pedreiras no Espírito Santo e podem acabar dominando o lugar. Ele destacou que apesar do Estado ter uma ótima riqueza, é preciso ser competitivo no mercado.
O que dificulta a competitividade do Brasil em relação aos chineses é o fato da péssima infraestrutura de portos e estradas e os altos impostos, que encarecem a rocha brasileira, que acaba perdendo mercado para as da China.
O empresário americano sinalizou que os brasileiros estão mesmo perdendo espaço para os chineses. Para se ter uma ideia, um navio chinês carrega cerca de 10 mil contêineres, em contrapartida à média de 800 contêineres que o Brasil envia por embarcação.
Além disso, tem o preço e o tempo. Um carregamento que sai da China leva 16 dias para chegar a Montana (Estados Unidos). Já uma importação que sai do Espírito Santo leva em torno de 40 dias e custa o dobro do preço.
Dixon explicou que o Brasil exporta o produto pronto para ser comercializado. Como a rocha já vai cortada, polida e com resina, é um produto com valor agregado, porém, mais caro. Já os chineses adquirem o produto bruto e o encaminham para a China, onde a mão de obra é mais barata e as taxas de imposto são menores. Com isso, acaba sendo mais vantajoso importar as rochas do país asiático.
Mesmo com a crise americana no setor imobiliário dos Estados Unidos, o Brasil continuou vendendo para os americanos. “A redução nas exportações foi de aproximadamente 40%. Na medida em que nos recuperamos, o Brasil nos acompanha”, avaliou o empresário americano.
Os números
Evolução da produção
China
2002 – 14 milhões de toneladas
2008 – 27,5 milhões de toneladas
Brasil
2002 – 5,5 milhões de toneladas
2008 – 7,8 milhões de toneladas

Comércio internacional: rochas processadas
China
1989 – 3,8% do mercado
2008 – 49,3%
Brasil
1989 – 0,3%
2008 – 2,2%

China
2007 – 11,5 milhões de toneladas
2008 – 11,9 milhões de toneladas
2009 – 12 milhões de toneladas

Brasil
2007 – 2,5 milhões de toneladas
2008 – 2 milhões de toneladas
2009 – 1,7 milhão de toneladas