Sempre que acontecimentos adversos ao setor rochas ornamentais ocorrem é comum comentários que conduzem à necessidade de união. É quase que cíclica essa postura e mais uma vez ela vem à tona por conta da crise financeira mundial vivenciada. Às vezes mudam-se os focos, mas não as reações.
Um outro episódio ocorrido, recentemente, foi a interdição de algumas pedreiras de empresas capixabas e mineiras, sob a alegação de falta de condições adequadas de segurança para o trabalhador.
No caso da crise imobiliária americana, cujos desdobramentos, até o momento, são mundialmente conhecidos, seu impacto a médio e longo prazo é de difícil previsão, o que deve remeter as empresas do setor a uma revisão de planos, seja de natureza financeira, mercadológica, investimentos etc.
Em se tratando da interdição supracitada, essa não foi a primeira e com certeza, está longe de ser a última. Estamos citando apenas duas situações, isoladas e presentes, para que possamos propor uma estratégia a ser adotada, em benefício de todo o segmento de rochas.
É, no nosso entendimento, prioritário um movimento organizado que resulte no fortalecimento institucional gradual do setor. É estranho que, quando as coisas vão bem, tais preocupações caiam no esquecimento. Ao contrário, é no momento de calmaria que encontraremos maior tranqüilidade para discutir e formatar um projeto que venha de encontro aos nossos interesses.
Questões coletivas como as que dizem respeito a órgãos como IBAMA, Ministério Público, Ministério do Trabalho, Secretarias Estaduais de Meio Ambiente, Secretarias Estaduais de Transportes, Polícia Rodoviária Federal, e tantos outros, reguladores e/ou fiscalizadores, devem ser resolvidas através do estabelecimento de uma interlocução comandada por instituições representativas fortes com suportes técnicos adequados.
A força institucional necessita vir acompanhada de ações que identifiquem totalmente o setor, em nível nacional. Ou seja, possuir um banco de dados, apto a disponibilizar informações sempre atualizadas tais como: número de empregos gerados, participação relativa no ranking brasileiro de exportação e em relação ao PIB dos estados produtores, evolução da geração de divisas e dos valores recolhidos em impostos, investimentos realizados nos últimos dez anos, estágio tecnológico atual etc.
Tais referências darão ao setor maior representatividade e visibilidade, podendo a partir de então, através da maior credibilidade e respeito adquirido junto a autoridades constituídas e opinião pública, fazer suas justas reivindicações.
Para tanto, é necessário que o setor se organize ainda mais, passe a pensar no coletivo, busque se fazer representar por entidades estaduais como seus sindicatos patronais e nacionalmente através do CENTROROCHAS para que este seja seu porta-voz oficial e que, em momentos como esse, quando a economia não definiu seu rumo, tenha, suas justas reivindicações defendidas, como por exemplo, uma política de crédito definida e respeitada por todos.
Importantes conquistas vêm sendo obtidas no Espírito Santo através de um eficiente trabalho de articulação levado a efeito pelo SINDIROCHAS, que é hoje o sindicato de maior expressão e respeitabilidade do setor, reflexo da importância da atividade para a economia do próprio Estado e do País.
O fortalecimento institucional passa por direitos e obrigações. Entre outros benefícios a serem citados, podemos destacar a possibilidade de melhor negociação com transportadores marítimos, terminais portuários, entidades governamentais e, principalmente junto aos agentes financeiros oficiais de linhas de crédito, próprias de programas específicos para o setor.
A maior proximidade com lideranças políticas dos estados produtores também não deve ser descartada, ao contrário, precisa ser implementada.
Na última década, a atividade mineradora tem evoluído aceleradamente, com o investimento em inúmeras, modernas e grandiosas plantas industriais, além do não menor esforço despendido na extração das matérias-primas para atender à crescente demanda.
Entretanto, são esforços isolados dos empreendedores, que no seu envolvimento diário, quase sempre esquecem do espírito coletivo e cooperativo.
Nunca foi tão pertinente o ditado: “Antes tarde do que nunca”.
Adilson Borges Vieira
Presidente do Centrorochas