17/10/2008 - 12h47 (Outros - Redação Gazeta Rádios e Internet)
A crise no mercado financeiro norte-americano já compromete um dos setores mais importantes da economia capixaba. Os proprietários das empresas de mármore e granito já anunciam que demissões serão inevitáveis no início de 2009. O vice-presidente da Brasvit Indústria e Comércio, localizada na Serra, Keith Cattley, disse, em entrevista à Rádio CBN Vitória, que espera um corte de mais 20% no quadro de pessoal das empresas. "Os cortes começaram já em 2007, com o agravamento da situação nos EUA, provocada pelo subprime. As demissões são inevitáveis porque é uma crise séria e atinge o nosso principal mercado exportador, que são os Estados Unidos".
O vice-presidente disse que acompanha com preocupação as medidas anunciadas pelo Banco Central para tentar conter os efeitos da crise no Brasil. "Essa medida acaba não chegando as empresas de pequeno e médio porte como são a maioria das empresas do setor de mármore e granito. Outro problema é a escassez de crédito fora do Brasil. Os bancos do país não negam crédito, porque a maioria das empresas tem linhas de crédito aprovadas. Há escassez de crédito internacional".
As previsões para o setor de rochas, em especial para as exportações, não são nada animadoras para Keith Cattley. "Nós vamos passar por sérias dificuldades se os efeitos dessa crise no sistema financeiro dos Estados Unidos se estenderem. As empresas dos municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Barra de São Francisco e Nova Venécia serão duramente afetadas".
O presidente do Centro Brasileiro de Indústrias Exportadoras de Rochas Ornamentais (Centrorochas) Adilson Vieira Borges avalia que os efeitos dos problemas no mercado financeiro norte-americano respingaram mais rápido do que a capacidade do governo em adotar estratégias contra a crise. "Estamos em contato constante com os governos Estadual e Federal. Estudamos medidas que possam ser adotadas pelo setor, mas a crise veio muito rápida e é intensa. O governo Federal mesmo não acreditava que a crise seria tão intensa e está afetando a economia do país como um todo".
Os empresários tentam buscar outros mercados em outros países, mas Borges diz que há dificuldade em expandir os negócios porque o problema originado nos Estados Unidos atinge todo o mundo. "Tentamos direcionar nossas produções para outros mercados do mundo, mas a crise também se volta a outros países e afeta inevitavelmente as encomendas de mármore e granito. Teremos mesmo que reduzir a produção e ajustar o quadro de funcionários. Alguns empresários já fecharam as portas".