quarta-feira, 27 de abril de 2011

Lubrificação – Engrenagens I

No que se refere à lubrificação e à formação e manutenção de películas lubrificantes espessas, as engrenagens podem se dividir em duas classes distintas:
• Cilíndricas, helicoidais e cônicas com dente reto ou helicoidal
• De rosca sem-fim
As diferenças entre o engrenamento dos dentes destes três tipos de engrenagens têm uma influência considerável na facilidade com que se formam e mantêm as películas lubrificantes, e nas propriedades dos lubrificantes necessários para que nelas se obtenha uma lubrificação eficiente.
Formação da película – Suponhamos que dois roletes se encontram comprimidos entre si e que girem em direções opostas à mesma velocidade periférica, sem escorregamento. Se colocarmos óleo sobre os roletes, este ficará, é claro, aderente à superfície de cada um. Todavia, no ponto onde se tocam, notaremos uma tendência para o expulsarem por esmagamento. Por efeito da sua viscosidade, o óleo opõe-se a esta ação, o que faz com que os roletes se afastem um do outro para lhe dar lugar. Se for alta a velocidade de rolamento, baixa a pressão entre eles e elevada a viscosidade do óleo, este resistirá ao esmagamento durante o curto espaço de tempo em que esta ação ocorre, e uma quantidade apreciável de óleo fica entre os roletes (formação de película por esmagamento). Desta forma, o óleo separa os roletes formando-se uma espessa película de lubrificante e, quanto mais elevado for o grau de rolamento, maior será o esmagamento e a espessura da película.
Pelo contrário, se for baixa a velocidade de rolamento, alta a pressão e reduzida a viscosidade do óleo, é muito provável que praticamente todo o lubrificante seja expelido para fora da zona de contato escapando inclusive pelos lados dos roletes. Nestas condições e com tal lubrificante, não será possível obter uma película protetora eficiente.
Imaginemos agora que um dos roletes deixou de funcionar, caso em que só haveria deslizamento. A viscosidade do óleo permite-lhe resistir à expulsão por esmagamento e passar entre os roletes. Quanto mais alta a rotação, isto é, quanto mais elevado for o grau de deslizamento, maior será a ação de cunha e o engrossamento da película do lubrificante.
O aumento de viscosidade é que mantém as películas entre as superfícies dos dentes de engrenagens sujeitos à carga. Para que se formem estas películas é necessário, evidentemente, que as superfícies se encontrem bem revestidas de óleo enquanto escorregam e rolam umas sobre as outras. Quando assim não acontecer, chegaremos a um estado de lubrificação limite. O óleo atinge em geral os dentes, quando estes estão prestes a engrenar. Isto sucede automaticamente nas engrenagens lubrificadas por salpico. Quando o óleo é espalhado sobre os dentes por jatos de um sistema de lubrificação sob pressão, os bicos encontram-se no lado do início do engrenamento.
A separação dos dentes de engrenagens por efeito de películas fluidas, asseguradas por lubrificação limite, depende sempre de fatores operacionais como a viscosidade do lubrificante, quantidade de óleo, velocidade, temperatura, carga, choques e tipo de engrenagem. Todos estes fatores afetam a formação da película e a sua manutenção. Em muitas engrenagens que funcionam com cargas moderadas e a baixa velocidade, não é possível manter películas espessas de lubrificante. Ali, a película torna-se de tal modo fina, que se verificam contatos metálicos. Devido ao deslizamento lateral, o sem-fim, por exemplo, é geralmente lubrificado por película limite.
Nestas condições de “lubrificação limite”, é de se esperar algum desgaste nos dentes. O grau deste desgaste depende, porém, das propriedades anti-desgaste ou da resistência da película do lubrificante que, se for adequado, o reduz até um ponto insignificante.
Na escolha da viscosidade e da resistência da película do lubrificante a empregar devemos levar em conta o seguinte:
• Tipo de engrenagem
• Velocidade da engrenagem motora
• Relação de redução
• Temperatura operacional
• Potência de acionamento

Benedito Oliveira
(28) 3036-3689
(28) 9961-5122
olesan@olesan.com.br
www.olesan.com.br

Um misto de mineração e história

Extraído do site da Revista Inforochas
Rubens Puppin - Geólogo do Sindirochas


Falar que o Brasil é um país de proporções continentais, um dos mais ricos em minerais com imensuráveis reservas de ouro, ferro, estanho, manganês, bauxita, mármores, granitos, gemas, petróleo e gás, traz muita satisfação, mas é uma tecla que de tanto ser batida já está ficando desafinada. Possuir toda essa riqueza mineral e protelar ou impedir seu aproveitamento é tão esquisito quanto guardar dinheiro debaixo do colchão.
A atividade de mineração, agora batendo em outra tecla, só pode ocorrer com a autorização do DNPM, que, com raríssimas exceções e tirante as guias de utilização, demora entre 20 e 35 anos para emitir uma Portaria de Lavra. Considerando que a média de vida de um brasileiro bem cuidado é de 73 anos, concluo que se o Tião (minerador fictício) tiver 45 anos e requerer, hoje, uma pesquisa mineral, somente seu neto receberá a almejada portaria de lavra.
Em miúdos: somente o neto do Tião usufruirá da extração mineral requerida por seu avô. Para não ser chamado de pessimista, digo que se tiver muita sorte, mesmo o filho do Tião poderá ser um minerador legalizado.
É isso: no Brasil a extração mineral é a atividade que mais tempo demanda para ser autorizada. Não é, por assim dizer, bizarro? A Legislação Mineral não é complicada o que complica são os enxertos nela feitos e a burocrática tramitação do processo, do requerimento de pesquisa à outorga da lavra, mesmo para uma descomplicada extração de rochas ornamentais. Os mineradores são unânimes nas reclamações pela falta de celeridade e excesso de entraves que atrasam iniciativas e comprometem empreendimentos. Não é preciso inventar um novo Código de Mineração é preciso reinventar os procedimentos de trabalho do DNPM.
Mudando para outro assunto muito importante para o setor: como foi mencionada a palavra “avô”, é oportuno voltar um pouco no tempo. Frequentemente, em especial nas feiras de rochas, encontro, com muito prazer, alguns marmoristas pioneiros cujas empresas agora modernizadas, são geridas pelos herdeiros, muitos já da terceira geração.
Foram esses avôs ou bisavôs que, com a extração de mármore e calcário em Cachoeiro e Castelo nos anos 50 e 60, começaram a escrever a história das rochas ornamentais. No início de 1968, quando em Cachoeiro fui trabalhar como geólogo do DNPM, os pioneiros e então vovôs da mineração eram: Afonso Zampirolli, Ângelo Bressan, Antônio Cavalieri, Antônio Pinto Ferreira, Benjamin Zampiroli, Bernadino Altoé, Casimiro Costa, Eduardo Bernardino, Emilio Nemer, Fued Nemer, Garibaldi de Oliveira Lopes, Gelio Cunha, Heber Garcia Quinderê, Horácio da Molêdo, Horacio Scaramussa, Ivo Felisberto de Souza, João Jacinto, João Moura, João Santos, José Bedin, Nicanor Flório Ramos, Oge Dias de Oliveira, Onesino Libardi, Ricieri Marcolan, Sebastião Cunha, Sizino Felisberto, e ainda, o técnico Gedeão Saraphim os engenheiros Raymundo S. Patury, Ruy Nunes de Campos Rosa e o advogado Lauro Lacerda.
Esses foram seguidos de perto pelos importantíssimos, criativos e inovadores jovens empresários que à época dividiam suas vidas entre a mineração de mármore, outra atividade paralela e a criação de seus filhos na pré-adolescência. Lembro como se fosse hoje de: Adelino Elias, Heitor Darcy Caprini, Antônio Felisberto de Carvalho, Armando Guide, Artur Angelo De Prá, Athaíde Soares (Borracha) Augusto Lincoln Resende Salles, Benito Paulo Secchin, Camilo Cola, Casimiro Costa Filho, Dalmacio Costa, Ecil Alves Batista, Ernesto Costa, Fernando Ferretti, (conhecido apenas por Ferretti, jogador do timão Botafogo nos anos 1960/70), Geraldo Rezende Dutra, Jorge de Baker, Henrique Martins, Irmãos Barcelos, Ítalo Campo, Jaconias Jacinto, Jacyr José Guia, José Afonso Coelho, José Bedin, José Jesus Zoppé, José Vitorio Zago, Julio Guide, Luis Carlos Toniato, Luiz Scaramussa, Marinho Salviano da Costa, Mario Sacaramussa, Matatias Soares, Almir ( Mimi) De Prá, Nelson Quinelato, Pascoal de Araújo, Paulo Volpini, Renato Rangel, Ricardo Guide, Roberto Guimarães, Roland Feiertag, Theodorico de Assis Ferraço, Ugo Costa, Valdemar Stanzani, Zequinha Silva Areal os engenheiro Luiz Alberto Novôa Altamirano, Antonio Stellin Junior, João Alfredo Correa do Prado e Roberto Teixeira Weber, geólogo da CVRD.
Espero não ter deixado de mencionar nenhum minerador dessa época de vez que, todos foram importantes para a criação do hoje famoso Setor de Rochas Ornamentais. Na época, da pensão da Nair em frente à estação da RFFSA passei para o hotel da simpática Adelaide Balliana onde, após o trabalho, atendia os mineradores evitando, assim, muitas viagens ao DNPM no Rio.
Foi nesse tempo, que, devido ao recém-criado Código de Mineração, surgiu um problema entre dezenas de marmoristas, e a CVRD devido a dois requerimentos de pesquisa, cujas áreas de 1.000 há abrangiam praticamente todo o complexo calcário e quase todas as áreas de extração dos municípios de Cachoeiro e Vargem Alta. Após muita confusão, a solução ocorreu em 1981, quando tudo foi pacificamente resolvido. Não podemos perder registros tão importantes de um setor tão rico de histórias e exemplos. Por isso continuo pedindo: construam o Museu do Mármore e do Granito.

Museu: "Instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, estuda, difunde e expõe testemunhos materiais do homem e do seu meio ambiente, para educação e fruição da sociedade".