Extraído do site Exame.com
Pequenas empresas | 19/07/2012 06:00
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São Paulo – A falta de empenho de um sócio
ou a falta de comunicação entre sócios são problemas comuns quando uma pequena
ou média empresa tem mais de um dono. Paulo Melchor,
consultor jurídico do Sebrae-SP, diz que a maioria dos empresários começa uma
sociedade entusiasmada, mas a escolha da parceria tem que ser feita com
cuidado. “A convivência é muito grande e é preciso que eles entendam que
passarão por dificuldades”, afirma.
Segundo Antônio Lage Terassovich, professor
da FIA, o principal problema é quando a escolha do parceiro de negócio acontece
por causa de uma amizade ou porque o outro é membro da família. “Alguns se
arrependem porque depois percebem que o amigo não tem a atitude necessária para
tocar o negócio”, conta. Ele recomenda que um sócio deve ser escolhido pelas
competências que o empreendedor não tem.
Na prática, quando as discussões se tornam
constantes, o negócio passa a ficar no segundo plano. “Algumas sociedades
permanecem, mas já não existe paixão nenhuma pelo empreendimento. É como quando
o casamento acaba, mas o casal fica pelos filhos”, explica Rubens Vinha Junior,
professor de gestão de riscos da pós-graduação da FAAP.
Com a ajuda de especialistas Exame.com listou
os principais problemas entre sócios que podem acabar com uma empresa.
1. Ausência de comunicação
Antes de ser tomada, qualquer decisão tem que
ser analisada por todos os envolvidos no negócio, não é recomendável agir
precipitadamente. “Às vezes, por confiar e achar que conhece bastante o outro,
um sócio decide primeiro e deixa para falar depois”, explica Junior.
Neste caso, para evitar conflitos o diálogo
constante é essencial. “Se você não escuta o seu sócio, a relação passa por
questões de controle de poder. Tem que ter respeito e amizade”, afirma
Terassovich.
2. Visão de negócios diferente
Para que uma sociedade seja bem resolvida é
preciso que exista um alinhamento desde o começo. Segundo Terassovich, quando
os empreendedores
começam um negócio com visões diferentes como em relação a divisão de lucro,
dos critérios que envolvem a empresa, até uma amizade pode chegar ao fim. “É
fundamental que os sócios tenham a mesma visão: queremos lucro ou
longevidade?”, diz.
E, quando há uma disparidade econômica entre
os sócios, decisões que envolvem investimento financeiro, por exemplo, também
podem resultar em discussões. “Quando uma quantia para uma parte é um mero
investimento e para a outra é metade de seu patrimônio pessoal, isso pode
acabar desmontando uma sociedade”, explica Junior.
3. Excesso de desconfiança
Para que o desgaste por conta do negócio seja
evitado, é preciso persistência e confiança. Dificuldades financeiras
acontecem, pois o retorno do negócio, em determinadas situações não chega no
tempo planejado. “Um ficará cuidando da parte financeira mais que o outro, e é
preciso ficar confortável com isso”, explica Junior.
Ao se deparar com problemas na empresa,
reflita antes de acusar o sócio. “Não ataque a pessoa e sim o problema”, diz Terassovich.
4. Falta de engajamento
Se um sócio está na zona de conforto e não se
esforça para que a empresa cresça, o outro pode se sentir sobrecarregado e
desmotivado. “Se não tem empenho dos sócios, a empresa perde espaço no mercado
e acaba entrando na rotina”, diz Junior.
Uma empresa precisa ser movida por paixão, se
um gosta é do dinheiro do empreendimento, as chances dos envolvidos brigarem
aumentam.
5. Cobrança excessiva
A dedicação ao negócio tem que ser igual.
Quando uma parte sente que está dedicando mais que a outra, a cobrança não é
uma solução. “Como os sócios são os donos do negócio e não há chefe para
resolver a questão, às vezes é preciso do auxilio de uma terceira pessoa”,
recomenda Terassovich.
Para ele, é preciso encarar o seu parceiro de
negócio como um patrão e ao mesmo tempo como funcionário. É recomendável que a
cobrança seja equilibrada, para que um não fique rotulado como “mandão”
resultando em uma situação de conflito na empresa.
6. Não preparar um contrato
Um bom contrato prevê o que acontecerá com as
partes caso a sociedade seja desfeita. Além de evitar discussões de quem
adquiriu os equipamentos e quais bens ficarão com quem, por exemplo, o
documento é uma proteção para as partes envolvidas e para a empresa. De acordo
com Junior, essa atitude pode evitar uma briga judicial posterior.