segunda-feira, 5 de maio de 2008

Recomendações quanto a aplicação das Rochas Ornamentais:

Fonte: Cartilha de Aplicação de Rochas Ornamentais - Volume 1 - Pisos

POSSIBILIDADES DE UTILIZAÇÃO

As rochas ornamentais são materiais nobres, tipificadas por longa lista de características que determinam seu uso, destacando-se: o efeito estético, a durabilidade, a resistência mecânica, e a flexibilidade no uso, permitindo a obtenção de peças com formatos e dimensões variáveis.

É adequado para qualquer local em uma edificação ou residência, sendo a infinidade de usos e características seu ponto marcante, fato este que confere uma personalidade única a cada peça ou conjunto de peças. A possível utilização deste material e o local de sua aplicação são tão diversos como suas cores. A seguir citamos algumas aplicações mais comuns:

  • Revestimento de Pisos;
  • Revestimentos de Escadas;
  • Revestimento de Paredes;
  • Revestimento de Fachadas;
  • Bancadas de Pias e Lavatórios;
  • Móveis e Tampos;
  • Peças de Decoração;
  • Colunas Maciças;
  • Arte Funerária

Tais indicações demonstram acima de tudo a facilidade de uso e a flexibilidade do material, bem como a complexidade desta indústria.

ARMAZENAGEM NO CANTEIRO

As peças de rochas ornamentais, após o polimento, devem receber um tratamento cuidadoso. Sua movimentação e armazenamento requerem cuidados especiais, de extrema importância para a qualidade final do produto. Quando as chapas ou peças chegam à obra, devem ser tomadas providências para que sua movimentação e armazenamento ocorram de modo a não expô-las a riscos de quebras e agressões externas.

  • Devem ser mantidas na posição vertical;
  • Não devem estar em contato, em qualquer de suas extremidades, verso ou anverso, com água ou umidade, ou qualquer tipo de substância agressiva, até o momento do assentamento;
  • Devem ser armazenadas verticalmente, com duas ou mais tiras de espaçadores entre elas (filmes ou laminados plásticos, isopor, poliuretano expandido, polipropileno, papeis incolores, como por exemplo: papel manteiga, papel de seda, etc.). Quando houver impossibilidade de utilização destas tiras, deve-se garantir a isenção de poeira entre as partes polidas;
  • Recomenda-se que o ambiente de armazenagem seja de acesso controlado, tendo-se em vista a integridade e preservação das peças, bem como sua segurança;
  • Recomenda-se também que as chapas e peças sejam colocadas em local elevado em relação ao solo, e apoiadas sobre madeira inerte, para evitar a liberação de pigmentos (para uso genérico, pode-se utilizar a madeira Pinus);
  • As chapas e peças de dimensões maiores, quando houver impossibilidade de estarem embaladas, devem ser armazenadas em cavaletes, feitos com madeira inerte ou envolvidos por materiais plásticos;
  • Não é recomendada a armazenagem das peças de rochas ornamentais e pilhas altas, que não tenham estabilidade ou possam provocar empenamentos;
  • Peças especiais (pouco espessas, com rasgos, furos, etc.), mais frágeis e delicadas, requerem cuidados adicionais para o seu armazenamento e manuseio. Recomenda-se que sejam embaladas individualmente e que as áreas rasgadas ou perfuradas sejam protegidas internamente com materiais semiflexíveis (isopor, poliuretano expandido, polepropileno, ou similares).

ASSENTAMENTO

As rochas ornamentais que são de difundido uso, têm como características relevantes a porosidade, a capacidade de absorção d’água e a presença eventual de substâncias reativas ou alteráveis em presença de água. Essas propriedades devem ser lembradas quando do assentamento, pois elas justificarão o isolamento da rocha, em relação ao solo ou outro gerador de umidade.

Para tanto, deve-se observar a subestrutura, que é a base de confecção do revestimento, como segue:

  • Argamassa é a camada responsável pela ligação entre o contrapiso e as pedras de rochas ornamentais. Como existem vários tipos de argamassa, este tema merecerá um comentário à parte.
  • Contrapiso é a camada que é executada para regularizar a superfície de assentamento, bem como para proporcionar uma base estrutural de sustentação. Deve ser o mais nivelado possível e não deve estar ligado à estrutura ou às paredes da edificação. Recomenda-se ainda, manter um afastamento de 5 a 10 mm da superfície da borda.
  • Impermeabilização é a camada que tem por função isolar as camadas superiores da umidade proveniente do solo. É possível aplicar uma lona plástica (conhecida nas obras como plástico preto) entre o contrapiso e a camada de concreto magro, tomando os cuidados necessários a integridade da lona (ausência de perfurações, rasgos). Podem também ser utilizados químicos impermeabilizantes, devendo-se preferir os de características flexíveis.
  • Concreto magro é a camada que será utilizada para regularizar a superfície do solo e não permitir o contato direto entre a impermeabilização e o solo.
  • Solo ou sub-base constitui a camada inferior do sistema de revestimento. Para prevenir a ocorrência de problemas na superfície rochosa (manchamentos, descamações, etc.), provocado pela migração de umidade ou sais minerais, freqüentemente presentes no solo, esta camada deverá estar perfeitamente isolada das placas de piso.

Alternativamente, pode-se utilizar uma camada de brita graduada, com cerca de 20 cm de espessura, em substituição à impermeabilização. Esta camada é aplicada diretamente sobre o solo ou sub-base, sendo recoberta pelo concreto magro.

APLICAÇÃO DE ARGAMASSA

A argamassa é a substância composta que faz a ligação entre a placa de rocha ornamental e o contrapiso. Sendo assim, deve-se tomar cuidados na seleção dos componentes e no seu modo de preparo, considerando-se as características da rocha e os ambientes e finalidades da obra.

As substâncias que compõem as argamassas, seu traço e modo de preparo, podem comprometer tanto o padrão estético, como a resistência mecânica das peças assentadas. Inicialmente deve-se observar os agregados e os tipos de técnicas de assentamento que serão utilizados.

Na escolha de uma argamassa, deve-se levar em conta primordialmente as propriedades tecnológicas da rocha utilizada. A priori, recomenda-se para granitos e mármores de tonalidades claras, o emprego de argamassas claras, ou compostas por cimento branco.

No canteiro de obras, para confecção e preparo da argamassa, deve-se considerar os seguintes cuidados:

  • Utilizar areia lavada (peneirada; isenta de impurezas argilosas, orgânicas ou ferruginosas);
  • A água de ser isenta de impurezas e quimicamente neutra. Não deverá ser transportadas ou armazenadas em latas ou recipientes metálicos que possam liberar resíduos oxidáveis, os quais provocam manchamento na rocha;
  • O cimento deve ser de procedência e notoriedade reconhecidas e ser do tipo CP 32. Para aplicação de rochas claras, enfatiza-se, há necessidade de utilização de cimento branco.

Tradicionalmente, na construção civil brasileira, utilizam-se dois tipos de argamassa, para aplicação de granitos e mármores, a saber:

Argamassa semi-seca (“farofa”) – como o próprio nome sugere, deve ter consistência de farofa, isto é, não pode ser seca e também não pode ser excessivamente úmida.

INSUMO

1 M3 ARGAMASSA

Areia lavada

1 m3

Cimento

400 Kg

Deve-se evitar a adição de cal na argamassa, pois apesar de proporcionar maior trabalhabilidade, pode provocar o surgimento de eflorescências na superfície rochosa.

Deve ser aplicada após alguns passos importantes, que são:

· Determinar os níveis de referências que serão utilizados como guias ao longo do assentamento;

· Colocar argamassa em quantidade suficiente para o nivelamento;

· Pré-compactar a argamassa;

· Desempenar a argamassa;

· Polvilhar pó de cimento sobre a argamassa pré-compactada;

· Aspergir água sobre o pó de cimento polvilhado;

· Assentar a peça de rocha ornamental, com auxílio de martelo de borracha.

Argamassa adesiva (“cimento-cola”) – como se trata de um produto industrializado, deve-se seguir o modo de preparo sugerido pelo fabricante. Recomenda-se, neste método, um cuidado especial no nivelamento do contrapiso, pois a camada de argamassa adesiva não pode exceder a espessura de 5 mm. Deve-se preferir argamassa branca para rochas de tonalidade clara.

EXECUÇÃO DE JUNTAS

As juntas constituem os espaços entre as placas rochosas. As denominações utilizadas no mercado incluem os termos: junta seca (para espessuras inferiores a 0,5 mm), junta fina (para espessuras entre 0,5 mm e 3,0 mm) e junta larga (para espessuras maiores que 3,0 mm). Destinam-se a permitir acomodações provocadas por dilatação térmica e deformações estruturais. Promovem um alinhamento entre as peças e proporcionam acabamento estético, realçando a beleza da rocha.

Para execução de juntas, recomenda-se os seguintes cuidados:

  • As superfícies que fazem a interface entre a borda dos pisos e a parede próxima deverão distar de 5 a 10 mm, e seu acabamento deverá ser feito pelo rodapé;
  • O dimensionamento das juntas depende do ambiente de aplicação, bem como das características físicas do material, especialmente o coeficiente de dilatação térmica linear.
APLICAÇÃO DE REJUNTES

Na aplicação de rejuntes em pisos de rochas ornamentais, devem ser tomados vários cuidados, visando garantir efetividade e precisão na execução. Encontra-se a disposição no mercado produtos industrializados para rejuntamento (à base de cimento portland ou resina epóxi), com diversas colorações, o que possibilita combinações estéticas bastantes apreciadas. Para juntas finas, natas de cimento são comumente utilizadas em rejuntes.

Para aplicação de rejuntes recomenda-se:

  • Aguardar 72 horas após o assentamento;
  • Proceder à limpeza das juntas para remoção dos resíduos capazes de prejudicar a aderência do rejunte a rocha;
  • Fazer o espalhamento da argamassa de rejuntamento (à base de cimento portland) com o auxílio de um rodo de borracha ou espátula plástica. Não utilizar espátulas metálicas, pois estas poderão riscar a rocha;
  • No mínimo 15, no máximo 40 minutos, após a aplicação, deve-se limpar as partes polidas, utilizando esponja úmida e limpa;
  • Para ambientes úmidos recomendam-se produtos à base de resina epóxi.
PROTEÇÃO DE PISOS

Concluído o trabalho de aplicação dos pisos, deve-se proceder à sua proteção, levando-se em conta o tipo de rocha e as características da obra, sobretudo no que se refere à intensidade do tráfego de pessoas e a movimentação de produtos, máquinas e equipamentos previstos para a obra.

Assim, descrevemos algumas técnicas usualmente utilizadas para a proteção de pisos submetidos a tráfego baixo, moderado ou intenso.

Tráfego Baixo: Nesta situação, a proteção poderá ser realizada apenas estendendo-se uma lona plástica (lisa ou do tipo “bolha”), nylon ou tecido impermeável sobre o piso. Deve-se cuidar para que o material utilizado não libere pigmentos capazes de manchar a rocha, recomendando-se os de tonalidade clara ou incolor.

Tráfego Moderado: Em ambientes sujeitos a médio tráfego, a técnica de proteção sugerida é a colocação, sobre o piso, de lona plástica (semelhante a descrita anteriormente) recoberta por tecido. Sobre o tecido deve-se aplicar uma camada, com cerca de 1 cm de espessura, de pasta de gesso.

A aplicação de tecidos coloridos (como juta ou “saco de estopa”) e camada de pasta de gesso diretamente sobre a superfície rochosa deverá ser avaliada cuidadosamente, pois poderá provocar manchamentos de difícil remoção

Tráfego Intenso: Para resistir às agressões provocadas por elevado tráfego de pessoas e movimentação de produtos e equipamentos, os pisos devem ser rigorosamente protegidos. Nestes casos recomenda-se a aplicação das camadas de lona plástica + tecido + pasta de gesso, descritas no item anterior, acrescentando-se a colocação de placas de madeira compensada ou “madeirit”, com espessura mínima de 5 mm. Opcionalmente, para rochas delicadas, pode-se inserir placas de isopor entre a lona plástica e as placas de madeira ou “madeirit”.

Deve-se destacar que qualquer que seja a técnica de proteção adotada, esta só deverá ser realizada após a secagem total das placas de rochas e do rejuntamento.

CONSERVAÇÃO DURANTE O USO

A conservação das propriedades estáticas dos revestimentos rochosos por longo período de tempo (superior a todos os demais materiais) poderá ser obtida se medidas simples de conservação forem adotadas durante o uso.

Por via-de-regra as medidas de conservação são estabelecidas com base no conhecimento das características físico-mecânicas e químicas das rochas, obtidas a partir de ensaios laboratoriais. Entretanto, a título de orientação geral apresentam-se, a seguir, algumas recomendações que podem ser úteis para a conservação de pisos de granitos e mármores, em diversas situações observadas durante o uso:

  • Proteger a superfície rochosa polida do desgaste abrasivo e riscamento por metais, areia, vidros e outros materiais duros, durante e depois da obra.
  • Evitar o contato das rochas com óleos, graxas, materiais ferruginosos (pregos, palhas de aço, etc.), pó ou fragmentos de madeira úmida, cigarros e outros produtos decomponíveis e pigmentantes. Mármores em geral e alguns granitos são sensíveis ao ataque químico por soluções cítricas (especialmente limões).
  • Realizar a limpeza utilizando apenas pano úmido ou produtos de limpeza de pH neutro.
  • Em ambientes constantemente molhados, proceder à aplicações periódicas de produtos hidro-óleo-repelentes próprios para granitos e mármores.