terça-feira, 17 de junho de 2008

Mármore capixaba: 50 anos de prestígio

Extraído do site do Sindirochas

Do primeiro bloco extraído, passando pela construção de Brasília e a alta procura nos dias atuais, pedra ainda é associada à nobreza e sofisticação
Desde a antiguidade, o mármore sempre ocupou um lugar de destaque na sociedade. Palácios construídos com o material eram símbolos de poder e riqueza. Até mesmo nos dias atuais, a pedra ainda é sinônimo de sofisticação e nobreza.
No Espírito Santo, a extração do primeiro bloco de mármore aconteceu há 50 anos. Mais precisamente no dia 7 de abril de 1957, na localidade de Prosperidade, município de Vargem Alta - na época pertencente à Cachoeiro de Itapemirim, segundo dados do Sindirochas.
A pedra foi extraída na fazenda do produtor rural Horácio Scaramussa, filho de imigrantes italianos, depois que seu sobrinho Oge Dias de Oliveira, ao ver as montanhas do mineral, resolveu levar amostras para análise no Rio de Janeiro e encontrou mercado junto a marmorarias daquele Estado.
Desde então, o Espírito Santo é visto como um grande produtor e exportador de mármore. Concentrando-se principalmente nos municípios da região Sul do Estado, é possível encontrar mármores nas cores rosa, branco, verde, pinta verde, chocorosa (mistura de chocolate com rosa), marrom e o branco absoluto, que é a variedade com a cor branca mais pura que existe.
Um dos trechos do livro “Cachoeiro: suas pedras, sua história”, de Izabel Lacerda Salviano da Costa, explica que a retirada do mineral era feita de forma rústica, utilizando ferramentas como enxadas e pás. Depois, o bloco era arrastado pelo chão por caminhões até a estrada de ferro.
Hoje, máquinas modernas fazem o serviço com mais segurança para os profissionais envolvidos e com soluções para preservar o meio ambiente. E o Espírito Santo responde por 75% da produção de mármores do país.

Praça dos Três Poderes, em Brasília: o mármore capixaba presente em grandes obras
Prestígio dentro e fora do Brasil
O prestígio da pedra capixaba já percorreu o Brasil e o mundo. Hoje é possível encontrar o mármore extraído no Espírito Santo em obras famosas como a Praça dos três Poderes em Brasília - onde ficam os prédios do Palácio do Planalto, sede do poder executivo, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, e também no metrô do Rio de Janeiro.
Com diversas aplicações, como revestimentos, pavimentação, peças de mobiliário e arte, o mármore capixaba já foi requisitado por escultores estrangeiros. “Houve uma época em que artistas andinos compravam o mármore do Espírito Santo porque consideravam o melhor para se trabalhar na confecção de estátuas”, lembra o atual geólogo do Sindirochas, Rubens Puppin.
“Atualmente, o mercado para o mármore capixaba melhorou bastante. Grande parte da produção é exportada, principalmente o mármore de coloração branca, que é o mais procurado por ser o mais escasso no resto do mundo”, conta Puppin.
Hoje, 100% do mármore capixaba é extraído da Região Sul. A cidade de Cachoeiro de Itapemirim, junto com mais 14 municípios que compõem o Arranjo Produtivo Local (APL), destaca-se como maior pólo de beneficiamento de rochas das Américas. Seu solo também é conhecido por possuir ricas jazidas de mármore.

Linha do tempo do mármore capixaba
7 de abril de 1957: extraído o primeiro, bloco de mármore em Prosperidade, na fazenda de Horácio Scaramussa, tornando-o pioneiro nessa atividade.
1965: Afonso Zampi rolli constrói o primeiro tear de madeira para produzir chapas de mármore. Com um projeto rústico e dispendioso, foi abandonado.
1966: fabricação dos primeiros teares convencionais, com colunas de ferro, em São Paulo, para a Marsal Mármore Salviano, pelo mecânico João Pedro Mathias.
1966: primeira escola de serradores com a vinda de Nelson Cordeiro, da cidade de Italva, no Rio de Janeiro, que atuou como mestre e propagador da técnica de serragem do mármore em teares convencionais.
7 de setembro de 1967: inauguração das turbinas hidroelétricas e de dois teares da Marsal Mármore Salviano, empresa pioneira na extração e produção de chapas de mármore no Estado.
1º de junho de 1970: criação da Cimef – Comércio, Indústria, Mecânica, Elétrica e Fundição. Primeira empresa de fabricação e assistência às máquinas do setor de mineração do Espírito Santo, tendo como sócios, Marinho Salviano da Costa, Heinz H.G. Kaschner e Hans Beerli.
3 de maio de 1973: fundação do Sindicato da Indústria da Extração de Mármore, Calcários e Pedreiras de Cachoeiro de Itapemirim.
1977: fundação da Mares Geologia e Mineração Ltda., primeira empresa de mineração especializada no campo da geologia, por Paulo Orcioli. Hoje a empresa possui mais de 200 clientes em todo o Brasil.
29 de maio a 6 de junho de 1982: primeira caravana de Cachoeiro à 3ª Feira de Carrara, na Itália, com uma delegação composta de 25 empresas brasileiras, sendo que 15 eram provenientes de Cachoeiro.
Março de 1988: criação do Centro tecnológico do Mármore e do Granito (Cetemag) a partir de uma reunião de empresários do setor com o Bandes.
1988: Primeira Feira do Mármore e Granito, promovida pelo Cetemag, com o patrocínio da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Tecnologia (SEICT), Bandes e apoio do indicato da Indústria da Extração de Mármore, Calcários e Pedreiras de Cachoeiro de Itapemirim; do Sindicato da Indústria de Mármore e Granito do Espírito Santo, Acepes e Findes.

Desbravadores que fizeram história
Oge Dias de Oliveira: levou amostras do mármore encontrado na propriedade de seu tio, Horácio Scaramussa, para análise no Rio de Janeiro, trazendo dois proprietários de marmorarias cariocas, dando início à exploração do mármore no Espírito Santo.
Horácio Scaramussa: extraiu o primeiro bloco em terras capixabas, tornando-se o primeiro minerador de mármore, com jazidas localizadas em sua propriedade rural, no distrito de Prosperidade.
Casimiro Costa: veio trabalhar na jazida de Scaramussa, a convite de Oge, exercendo a função de gerente. Abriu sua primeira jazida em Alto Gironda, onde o mármore branco era abundante e hoje a empresa que criou, Mineração Santa Clara, regida pelos filhos depois de seu falecimento, está entre as maiores do Estado.
Benjamin Zampirolli: começou com o trabalho de extração por volta do ano de 1965, em Cachoeira Alta e fundou a empresa Mineração Capixaba com dois outros sócios. Possui também várias realizações na área social, como a construção de um ginásio de esportes com capacidade para mil pessoas, posto médico, cemitério e até consultório dentário para a população da zona rural, onde se localiza a sede da empresa.
Ricardo Guidi: começou como carreteiro, transportando blocos de mármore, até possuir sua própria jazida, que evoluiu para um conglomerado de empresas ligadas à extração de rochas. Seu material é exportado para Itália e Argentina.
Marinho Salviano da Costa: encomendou a criação do primeiro tear convencional para serragem das chapas de mármore, implantando a primeira serraria do Estado. Ajudou a criar uma escola de serradores trazendo um mestre do Rio de Janeiro e também foi um dos fundadores da Cimef.
Rubens Puppin: geólogo do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), destacou-se na luta pela solução de conflitos no setor de mineração.
* fonte: revista inforochas - maio de 2007 (ano 3, nº 18).