Extraído do site da Revista InforochasRenata Lacerda de Trento, Exclusivo para a Revista Inforochas Conhecidas por lançarem sempre o que há de mais novo no mercado, as empresas italianas de máquinas para mármore e granito continuam a investir em inovações tecnológicas, apesar da crise que abala o setor.
É o que afirma, em entrevista exclusiva à Revista Inforochas, o presidente da Associação Italiana de Construtores e Utilizadores de Máquinas e Equipamentos para o trabalho em Pedras Naturais (Assomarmomacchine), Flavio Marabelli.
“No setor de máquinas para o trabalho com pedras naturais, a indústria italiana é a que trouxe as maiores inovações. Os produtos mais novos e também a evolução dos produtos existentes começam normalmente na Itália”, disse.
Segundo o presidente, o desenvolvimento de novas tecnologias continua e os esforços do setor estão concentrados em quatro grandes frentes: extração, aplicação de resina e a produção de máquinas de corte multifios e com controles numéricos.
“Seja para corte, seja para acabamentos de superfícies, o controle numérico está sendo cada vez mais usado porque deixa a máquina muito competitiva. A robotização permite produzir com velocidade um número maior de peças sofisticadas”, disse.
Marabelli explicou também que houve um aumento no uso da resina, que antes era usada apenas para dar uma superfície mais lisa a materiais “defeituosos”, mas que, hoje, seu uso tem fins estéticos. Sobre as máquinas multifios, ele contou que o objetivo dos fabricantes é torná-las mais competitivas que o tear tradicional. “Os teares a fios têm uma capacidade de corte muito superior a uma máquina tradicional, mas os custos de produção são maiores. Mas as máquinas a fios já são, hoje, fortemente competitivas para os produtos de alta qualidade", contou.
Corte a úmido
Para Marabelli, a nova legislação brasileira que determina o uso de máquinas de corte a úmido é muito ‘simples e genérica”, mas as empresas italianas já estão preparadas para atender à nova demanda brasileira.
“São apenas quatro artigos. Não é uma norma sofisticada em que se diz ‘em caso A se deve comportar assim, em caso B assim’. Sendo simples, se presta a várias interpretações. Mas não é um problema para nós, temos todos os tipos de máquinas”, disse.
O presidente contou ainda que, na Itália, a legislação prevê um tipo de equipamento específico (não só máquinas de corte a úmido) de acordo com o ambiente de trabalho – lugar aberto ou fechado –, material utilizado, tipo de trabalho que está sendo feito etc.
Para Marabelli, é impossível calcular os investimentos que precisarão ser feitos. “Será preciso ver como esses quatro pequenos artigos serão aplicados. Além disso, cada produtor tem um preço, uma característica diversa. Certamente, há um aumento de custo, mas, na verdade, se investe na proteção dos trabalhadores”, disse. A relação com o mercado brasileiro é longa e vai além do conhecimento da legislação. Para Marabelli, o Brasil é um dos principais mercados do mundo, com materiais muito bonitos, mas é preciso aumentar a participação brasileira no exterior, independente de apoio do governo.
“Temos um relacionamento muito próximo com o Brasil, com a feira de Vitória, com a Abirochas, com o Sindirochas. Eu gostaria apenas que os brasileiros fossem, em alguns casos, mais independentes. Que as empresas fossem ao exterior isoladamente e não apenas coordenadas pelo governo. Só temos a presença de brasileiros no exterior quando existe um suporte do Estado e isso limita a penetração em outros mercados”, disse.
Crise
Sobre a crise econômica, a expectativa da Assomarmomacchine é que os primeiros sinais de melhora apareçam no início de 2010. As empresas ainda devem enfrentar momentos difíceis até o fim deste ano.
“Dois momentos complicados para o setor, na Itália, são a volta das férias de verão (em setembro) e o fim do ano. Poderemos ter empresas que não vão mais reabrir. A verdade é que a crise vai durar, com certeza, até o final deste ano. Mas, nesse momento, podemos dizer que ela é estacionária, ou seja, não há uma melhora, mas também não há uma piora”, disse.
Marabelli contou que algumas empresas já fecharam as portas e que outras diminuíram as horas ou os dias de trabalho de seus empregados, mas que ainda é cedo para falar em números. “Temos que contar os mortos e feridos depois que a curva da crise mudar e pudermos fazer uma estimativa mais ou menos definitiva”, disse. Ele disse ainda que as empresas de máquinas para mármore e granito sofreram mais com a crise do que as marmorarias, já que estas continuaram a trabalhar sem fazer novos investimentos, isto é, pararam de comprar maquinário.
“Pela primeira vez, temos uma crise global em todos os setores industriais, não apenas no de rochas. Atingiu mais os produtores italianos porque eles representam 50% das máquinas do setor vendidas no mundo”, contou.
No entanto, as perspectivas são de melhora e a associação vem trabalhando para diminuir o impacto da crise, através de parcerias com o Ministério do Desenvolvimento Econômico italiano e o Instituto Nacional para o Comércio Exterior (ICE), criando acordos internacionais e investindo na formação profissional. Recentemente, a associação passou a dar incentivos financeiros às empresas que participam de feiras no exterior.
“Estamos fazendo tudo para ajudar as empresas a criarem oportunidades de negócios. Posso dizer que, apesar da crise ser tão profunda, conseguimos ‘aliviar’ um pouco seu impacto”, finalizou.
Novas tecnologias
As empresas italianas de máquinas para o setor de mármore e granito estão trabalhando em quatro principais segmentos:
1 – Extração
A inovação nesse setor não está na criação de máquinas novas, mas no aperfeiçoamento das máquinas já existentes. O objetivo é melhorar seus resultados quantitativos e qualitativos.
2 – Máquinas a multifios
Apesar de fazer o corte com mais velocidade, em qualquer tipo de pedra, e ocupar menos espaço, a máquina a fios ainda exige um alto custo de produção e manutenção. As empresas italianas estão se empenhando para diminuir esses custos e torná-la mais competitiva em relação aos teares tradicionais.
3 – Controle numérico
A robotização do trabalho nesse tipo de máquina permite a produção em série, com qualidade e velocidade. A partir de um desenho específico, o material é produzido em maior quantidade, em menor tempo e com menos mão de obra.
4 – Resinagem
A procura pelo uso da resina na produção de manufaturados aumentou muito nos últimos anos, porque dá brilho à pedra e aumenta sua resistência. Por isso, se investe na criação e aperfeiçoamento de máquinas de resinagem que possam atender a todos os tipos de empresas.
Conheça a Confindustria Marmomacchine
• Com mais de 300 empresas afiliadas, a Associação Italiana de Construtores e Utilizadores de Máquinas e Equipamentos para o trabalho de Pedras Naturais (Assomarmomacchine) foi fundada em 1984.
• Faz parte da Confederação das Indústrias Italianas (Confindustria) – por isso, também é chamada de Confindustria Marmomacchine –, e da Federação Europeia do setor de Mármore e Granito (Euroroc), além de ser reconhecida pelo Ministério do Desenvolvimento Econômico italiano como a principal interlocutora para as atividades institucionais e promocionais do setor, desde 2001.
• Colabora há anos com o Instituto Nacional para o Comércio Exterior (ICE) na internacionalização das empresas italianas e possui acordos de colaboração internacional com Afeganistão, Albânia, Argentina, China, Egito, Jordânia, Indonésia, Irã, México, Paquistão, Polônia, Eslováquia, Espanha, Sudão, Tailândia e Brasil.
• É titular da logo europeia “Pedra Autêntica”, para a defesa dos produtos de pedras ornamentais contra aqueles de cerâmica e pedras artificiais, além de distribuir o selo “Marmo Macchine Mark” (Marca Máquinas para Mármore), um reconhecimento aos produtos “made in Italy”. Para adquirir o selo, as empresas precisam respeitar requisitos técnicos, produtivos e normativos bem precisos.
• Possui seu próprio instituto de formação profissional, o Instituto Internacional do Mármore, e participa de cerca de 15 feiras internacionais do setor todos os anos.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Confidustria Marmomacchine