Extraído do site Diário Nordestino
Granistone comercializa 4 mil metros cúbicos, por mês, de blocos comerciais. A vedete são as rochas brancas
GRANITO BRANCO CEARÁ
´Um dos melhores do mundo´
O mercado de rochas ornamentais é intrinsecamente ligado a modismos. Ora se buscam granitos de tal cor, ora de outra; em um momento se quer mármores com certa textura, depois já se procura algo diferente.
Entretanto, existem algumas rochas consideradas clássicas, que, como diz Júlio Filho, diretor Comercial de uma das maiores empresas do setor no Brasil, ´passam incólumes a estas variações´.
Filho representa a Granistone S/A, que comercializa o denominado Granito Branco Ceará, extraído no município de Santa Quitéria, no Sertão Central cearense. ´Esse granito nunca sai de moda, porque é facilmente combinado com outras cores. Já é um produto tradicional, tem o seu mercado há mais de 20 anos´, esclarece o diretor da empresa.
A Granistone vende 4 mil metros cúbicos, por mês, de blocos comerciais. ´Nós extraímos quatro vezes isso, mas o resto acaba quebrando, não atende às especificações para o mercado´, explica. O metro quadrado é comercializado a R$ 150, enquanto que a maioria das rochas semelhantes são vendidas abaixo de R$ 100. ´O Branco Ceará é considerado um dos melhores do mundo, pela textura, por ser mais resistente, pelo lustre. E porque ele só existe em Santa Quitéria´, justifica Filho.
Cerca de 70% da produção é destinada ao mercado interno, especialmente para o Sudeste do País. A Europa e os países asiáticos também são consumidores ativos do material. A Granistone emprega quase 100 funcionários, sendo 65 na produção e 30 na administração. A mineradora possui uma pedreira também no Piauí e, segundo Filho, outras áreas estão sendo pesquisadas, no Ceará e em outros estados. ´Mas, até agora, ainda não encontramos uma outra ocorrência interessante economicamente´, diz. A empresa ainda não consegue mensurar a vida útil da pedreira. ´Nós conseguimos vislumbrar por muitos anos ainda, não conseguimos ver um fim´. A Granistone possui ainda outra jazida no Ceará, em estágio inicial, em Tauá, onde há granito preto.
Por decorrências do alto preço do granito exótico, os produtos da Mineração Martins são destinados a estrangeiros.
Setor de modismos: de rochas ornamentais é muito influenciado pela moda. Hoje, certa rocha é lucrativa, amanhã, não (Foto: Silvana Tarelho)
Sobral. Material pra gringo ver. É mais ou menos assim que funciona a comercialização das rochas extraídas pela Mineração Martins. Diferentemente da Granistone, que trabalha, no município de Santa Quitéria, com um produto clássico e com grande penetração no mercado interno, as rochas exóticas retiradas de Sobral e Massapê pela empresa capixaba tem como destino exclusivo o mercado estrangeiro.
Estados Unidos, Itália, Espanha, França e mesmo a China são os principais compradores destes granitos, como informa Anderson Minete. ´O brasileiro não consegue comprar esses produtos, é só para gringo. O custo é muito alto´, justifica.
Enquanto a média de preço dos granitos vendidos no País é de até R$ 100 o metro quadrado, a média dos granitos da Mineração Martins é de R$ 190 a mesma medida. O motivo para esse preço mais elevado é a característica das rochas, que são mais duras, difíceis de retirar, e cheias de fraturas, trincos. ´Se chegar na serraria, vende. Vender é fácil, difícil é beneficiar´, aponta Minete.
Da mina, a pedra sai em blocos, que serão transformados em várias chapas. Cada chapa possui 5 metros, ou seja, gera um lucro de cerca de R$ 950. Esse trabalho de transformação em chapas é feito em serrarias, onde a pedra também é serrada e polida, além de passar por outros processos, como a calibragem. ´A chapa tem que ser reta, não pode ter empeno´, explica Minete. Como esse beneficiamento é feito em Vitória (ES) para as rochas da Mineração Martins — porque, segundo ele, as serrarias daqui ainda não têm experiência com este material —, os gastos acabam sendo mais elevados, por decorrência do frete.
´Mesmo assim, ainda é viável´. Os gastos com esse transporte respondem por 10% do investimento que a empresa faz´, garante o gerente.
Segundo Minete, existem, inclusive, chineses que estão comprando os blocos e fazendo o beneficiamento na China. De lá, vendem, em especial, para os Estados Unidos, com um preço ainda menor do que aquele que sai do Brasil. A explicação para isso é a mesma que faz com que os produtos têxteis brasileiros enfrentem a competição desleal: o baixo custo da mão-de-obra por lá.
Contudo, mesmo com o mercado ávido por estes materiais, Minete lembra de uma certa característica problemática do setor: ´As pedras são como moda de roupa. Eles rendem enquanto está na moda´.
Trabalho automatizado: No início deste ano, a empresa trocou britadeiras por máquinas (Foto: Silvana Tarelho)
POUCOS EMPREGOS NA PEDREIRA
Máquinas substituem homens
Sobral. Ele começou como ajudante em pedreira, no Estado do Espírito Santo e, hoje, depois de 12 anos, ainda retira das pedras o seu sustento. Mas o ambiente mudou: veio para o Ceará. ´O calor é bem maior´, compara. Além disso, o cargo também é outro. Serudes Vernek agora é o encarregado (gerente de mina) de uma das pedreiras da Mineração Martins em Sobral.
Ele trabalha o dia inteiro. Trabalho puxado, às vezes nem vai à sede do município, acaba ficando mesmo no alojamento. O ganho financeiro, atualmente, é medido por porcentagem nos lucros da pedreira. ´Em média, dá cerca de sete salários mínimos´, calcula.
Juntamente com ele, vários funcionários do Espírito Santo se deslocaram para as pedreiras do Ceará. São cerca de 12 trabalhadores por pedreira, entre encarregados, fioristas (aqueles que manuseiam as máquinas) e ajudantes, estes outros recebendo cerca de R$ 1 mil por mês. Aos poucos, os cearenses estão entrando no negócio, mas as perspectivas de geração de emprego não são tão animadoras.
Sobral. Material pra gringo ver. É mais ou menos assim que funciona a comercialização das rochas extraídas pela Mineração Martins. Diferentemente da Granistone, que trabalha, no município de Santa Quitéria, com um produto clássico e com grande penetração no mercado interno, as rochas exóticas retiradas de Sobral e Massapê pela empresa capixaba tem como destino exclusivo o mercado estrangeiro.
Estados Unidos, Itália, Espanha, França e mesmo a China são os principais compradores destes granitos, como informa Anderson Minete. ´O brasileiro não consegue comprar esses produtos, é só para gringo. O custo é muito alto´, justifica.
Enquanto a média de preço dos granitos vendidos no País é de até R$ 100 o metro quadrado, a média dos granitos da Mineração Martins é de R$ 190 a mesma medida. O motivo para esse preço mais elevado é a característica das rochas, que são mais duras, difíceis de retirar, e cheias de fraturas, trincos. ´Se chegar na serraria, vende. Vender é fácil, difícil é beneficiar´, aponta Minete.
Da mina, a pedra sai em blocos, que serão transformados em várias chapas. Cada chapa possui 5 metros, ou seja, gera um lucro de cerca de R$ 950. Esse trabalho de transformação em chapas é feito em serrarias, onde a pedra também é serrada e polida, além de passar por outros processos, como a calibragem. ´A chapa tem que ser reta, não pode ter empeno´, explica Minete. Como esse beneficiamento é feito em Vitória (ES) para as rochas da Mineração Martins — porque, segundo ele, as serrarias daqui ainda não têm experiência com este material —, os gastos acabam sendo mais elevados, por decorrência do frete.
´Mesmo assim, ainda é viável´. Os gastos com esse transporte respondem por 10% do investimento que a empresa faz´, garante o gerente.
Segundo Minete, existem, inclusive, chineses que estão comprando os blocos e fazendo o beneficiamento na China. De lá, vendem, em especial, para os Estados Unidos, com um preço ainda menor do que aquele que sai do Brasil. A explicação para isso é a mesma que faz com que os produtos têxteis brasileiros enfrentem a competição desleal: o baixo custo da mão-de-obra por lá.
Contudo, mesmo com o mercado ávido por estes materiais, Minete lembra de uma certa característica problemática do setor: ´As pedras são como moda de roupa. Eles rendem enquanto está na moda´.
Trabalho automatizado: No início deste ano, a empresa trocou britadeiras por máquinas (Foto: Silvana Tarelho)
POUCOS EMPREGOS NA PEDREIRA
Máquinas substituem homens
Sobral. Ele começou como ajudante em pedreira, no Estado do Espírito Santo e, hoje, depois de 12 anos, ainda retira das pedras o seu sustento. Mas o ambiente mudou: veio para o Ceará. ´O calor é bem maior´, compara. Além disso, o cargo também é outro. Serudes Vernek agora é o encarregado (gerente de mina) de uma das pedreiras da Mineração Martins em Sobral.
Ele trabalha o dia inteiro. Trabalho puxado, às vezes nem vai à sede do município, acaba ficando mesmo no alojamento. O ganho financeiro, atualmente, é medido por porcentagem nos lucros da pedreira. ´Em média, dá cerca de sete salários mínimos´, calcula.
Juntamente com ele, vários funcionários do Espírito Santo se deslocaram para as pedreiras do Ceará. São cerca de 12 trabalhadores por pedreira, entre encarregados, fioristas (aqueles que manuseiam as máquinas) e ajudantes, estes outros recebendo cerca de R$ 1 mil por mês. Aos poucos, os cearenses estão entrando no negócio, mas as perspectivas de geração de emprego não são tão animadoras.
Granistone comercializa 4 mil metros cúbicos, por mês, de blocos comerciais. A vedete são as rochas brancas
Mecanização
O motivo é que, cada vez mais, o trabalho de mineração com granito exótico está sendo realizado por máquinas. No caso da Mineração Martins, a mudança começou no início deste ano.
´Há um ano, havia as britadeiras. Hoje, são as máquinas que atuam, e cada uma substitui seis marteleteiros.
Muita gente perdeu o emprego. É assim em seis das sete minas´, informa um dos gerentes empresa, Anderson Minete. O motivo da alteração nos meios de extração foi, segundo Minete, porque o material exótico é bem mais delicado, e não pode sofrer a vibração das britadeiras e do martelo. O corte dos blocos, hoje, é feito através de um fio, que custa R$ 17 mil por peça, e é usado por apenas três meses. ´Essa mineração não gera muito emprego. É máquina. Não gera nenhum benefício direto para a população, a não ser para os poucos que trabalham aqui. Quando coloca a máquina para cortar, é só ela´, analisa o empresário.
O motivo é que, cada vez mais, o trabalho de mineração com granito exótico está sendo realizado por máquinas. No caso da Mineração Martins, a mudança começou no início deste ano.
´Há um ano, havia as britadeiras. Hoje, são as máquinas que atuam, e cada uma substitui seis marteleteiros.
Muita gente perdeu o emprego. É assim em seis das sete minas´, informa um dos gerentes empresa, Anderson Minete. O motivo da alteração nos meios de extração foi, segundo Minete, porque o material exótico é bem mais delicado, e não pode sofrer a vibração das britadeiras e do martelo. O corte dos blocos, hoje, é feito através de um fio, que custa R$ 17 mil por peça, e é usado por apenas três meses. ´Essa mineração não gera muito emprego. É máquina. Não gera nenhum benefício direto para a população, a não ser para os poucos que trabalham aqui. Quando coloca a máquina para cortar, é só ela´, analisa o empresário.
GRANITO BRANCO CEARÁ
´Um dos melhores do mundo´
O mercado de rochas ornamentais é intrinsecamente ligado a modismos. Ora se buscam granitos de tal cor, ora de outra; em um momento se quer mármores com certa textura, depois já se procura algo diferente.
Entretanto, existem algumas rochas consideradas clássicas, que, como diz Júlio Filho, diretor Comercial de uma das maiores empresas do setor no Brasil, ´passam incólumes a estas variações´.
Filho representa a Granistone S/A, que comercializa o denominado Granito Branco Ceará, extraído no município de Santa Quitéria, no Sertão Central cearense. ´Esse granito nunca sai de moda, porque é facilmente combinado com outras cores. Já é um produto tradicional, tem o seu mercado há mais de 20 anos´, esclarece o diretor da empresa.
A Granistone vende 4 mil metros cúbicos, por mês, de blocos comerciais. ´Nós extraímos quatro vezes isso, mas o resto acaba quebrando, não atende às especificações para o mercado´, explica. O metro quadrado é comercializado a R$ 150, enquanto que a maioria das rochas semelhantes são vendidas abaixo de R$ 100. ´O Branco Ceará é considerado um dos melhores do mundo, pela textura, por ser mais resistente, pelo lustre. E porque ele só existe em Santa Quitéria´, justifica Filho.
Cerca de 70% da produção é destinada ao mercado interno, especialmente para o Sudeste do País. A Europa e os países asiáticos também são consumidores ativos do material. A Granistone emprega quase 100 funcionários, sendo 65 na produção e 30 na administração. A mineradora possui uma pedreira também no Piauí e, segundo Filho, outras áreas estão sendo pesquisadas, no Ceará e em outros estados. ´Mas, até agora, ainda não encontramos uma outra ocorrência interessante economicamente´, diz. A empresa ainda não consegue mensurar a vida útil da pedreira. ´Nós conseguimos vislumbrar por muitos anos ainda, não conseguimos ver um fim´. A Granistone possui ainda outra jazida no Ceará, em estágio inicial, em Tauá, onde há granito preto.
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