terça-feira, 21 de outubro de 2008

Rochas do Ceará são oportunidade para o Interior

Extraído do site Diário do Nordeste

Rochas ornamentais: apesar de gerarem poucos empregos por empreendimento, a grande quantidade de pequenas empresas dá peso à atividade (Foto: Silvana Tarelho)

A maioria dos municípios cearenses possui potencial para atividade, que pode incrementar a economia

A atividade não gera um impacto muito grande no município em que atua, nem a entrada de uma nova empresa mineradora é capaz de criar um número elevado de postos de trabalho, mas a exploração de rochas ornamentais tem um papel importante no setor mineral do Estado do Ceará. Isso porque o segmento é formado, em geral, por pequenas empresas, mas muitas, atuando em várias regiões, como destaca o presidente do Sindicato das Indústrias de Mármores e Granitos (Simagran-CE), Roberto Amaral.
´As rochas ornamentais têm um impacto positivo em termos econômicos para o Interior. No Ceará, a maioria dos municípios tem potencial para rochas´, destaca. Entretanto, Amaral, que é também presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva Mineral, levanta que, para se desenvolver, o segmento precisa de apoio governamental. ´É preciso que o Estado crie alguns atrativos para que empresas do setor que estão vindo para o Nordeste possam ser atraídas ao Ceará´.
Rochas preciosas: pedras ornamentais cearenses são vendidas a valores mais elevados pela dificuldade de extração e, principalmente, por serem únicas no mundo

Esse estímulo, segundo ele, já começa a ser garantido. ´Precisamos criar um posto de serviço, uma espécie de depósito, para que as pequenas pedreiras no Interior possam concentrar o seu produto. Terá toda uma gama de serviço que facilitará a exportação, a preparação do produto para ser comercializado. O investimento seria pesado se tivesse que ser feito por cada uma das empresas locais´, aponta o presidente.
Posto na RMF
De acordo com o empresário, o posto deverá estar instalado ainda no ano que vem. ´Vai ser na RMF [Região Metropolitana de Fortaleza], mas a localização exata ainda está sendo estudada´, informa Amaral. Ele esclarece que, atualmente, está ocorrendo uma chegada intensa de empresas mineradoras de rochas ornamentais de outras regiões aos estados nordestinos.
´Por uma questão de necessidade de matéria-prima para o setor, principalmente para abastecer o parque industrial que existe no Sudeste, especialmente no Espírito Santo, muitas pequenas mineradoras dessas estão vindo minerar no Nordeste, em busca de rochas em diferentes padrões´.
Riqueza nordestina
As rochas nordestinas, explica, são ricas em variações de cores e matizes. No Ceará, a atividade ganhou notoriedade na década de 1990. ´Mas se falar da posição do Estado em relação a rocha ornamental, em comparação com os principais estados produtores do País, ela é tímida.
O potencial é enorme, mas tem que trabalhar´. O Espírito Santo domina a atividade hoje no Brasil.
Além das várias mineradoras no Ceará, existem ainda nove empresas de beneficiamento dos blocos que são retirados das pedreiras, e 70 a 90 marmorarias, que transformam a matéria-prima em produto final, como mesas, pias, etc.
A maior parte da produção estadual é escoada para o mercado interno.
PRODUTO EXCLUSIVO
Granito exótico atrai investidores do Sudeste
Sobral. O mercado no Espírito Santo, principal Estado produtor de rochas ornamentais, ficou apertado. Esse foi o motivo. ´Lá, tinha muito calote, competição grande, tinha gente vendendo abaixo do preço de custo´, informa Anderson Minete. A solução encontrada: vir explorar rochas aqui no Ceará. Assim, desde 2003, a empresa Mineração Martins iniciou suas atividades por aqui, entrando em parceria, para isso, com a Vulcano Export Importação e Exportação.
Minete, que é gerente da empresa, afirma que a decisão foi acertada. Em vários pontos em Sobral e Massapê, foram encontradas ocorrências de rochas comercialmente viáveis. ´As rochas que produzimos são chamadas de granito exótico. Isso porque não tem iguais no mundo. São difíceis de tirar, por isso, são mais caros, e exclusivos´, explica o empresário das pedreiras. Essas pedras possuem uma grande variação de cores, característica que faz o material ser chamado de ´louco´, e é o que faz o diferencial. ´Quanto mais louco o granito, mais eles, especialmente os americanos, querem´.
A Mineração Martins possui sete pedreiras na região, cada uma com um produto diferente: Rosso Barroco, Energy Abstrato, Laredo, Amarula, Nogat, Branco São Paulo e Nacarado, sendo este último o de maior valor para a venda. De cada um destes materiais, as utilizações são as mais diversas: bancada, mesa, pia, fachada de prédio, entre várias outras.
Investimento alto
O trabalho de extração é feito em cima de pedidos, explica Minete, mas a média mensal acaba sendo de cerca de 100 metros cúbicos por mês. Segundo ele, os recursos investidos para iniciar cada pedreira foram de aproximadamente R$ 900 mil. ´Tem empresa que não vem porque o investimento é alto. Tem que arriscar, não tem uma demanda fixa, mas tem despesa fixa. Contudo, a demanda hoje é maior que a oferta´, garante.
A venda é em dólar, e o produto vende bem, mesmo com a crise, afirma.
Além do investimento na instalação da pedreira, são gastos outros R$ 40 mil em manutenção de cada pedreira por mês. ´O retorno não é imediato´, avisa.

Sérgio de Sousa
Repórter

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