Há tempos, ouve-se dizer que o arranjo de rochas ornamentais precisa de projetos concretos que fomentem o setor, movimentem a cadeia e tragam resultados positivos. Há tempos, também as instituições do arranjo, como Cetemag, Cetem, Sindirochas e demais entidades co-irmãs, apresentam projetos que têm justamente essa proposta: impactar positivamente a cadeia de rochas.
Assim como nos anos anteriores, muitos projetos surgiram em 2008, mas poucos conseguiram sair do papel. Por que será que é tão difícil colocar essas idéias na prática? De acordo com o superintendente do Cetemag, Herman Krüger, a entidade tenta, a todo custo, aprovar seus projetos em editais públicos, mas essa não é uma tarefa fácil.
“Desde que assumi a superintendência do Cetemag ouço as pessoas falando que existem recursos federais e estaduais para o arranjo de rochas e que o que falta são bons projetos. Isso é estranho, uma vez que preparamos bons projetos, que atendem às necessidades do setor, mas que até hoje não conseguiram aprovação”, explica Herman.
Um dos grandes questionamentos dos empresários, entidades, autarquias, bancos e governo, que operam paralelamente ao setor de rochas, é a falta de articulação junto aos especificadores (arquitetos, designers, engenheiros e construção civil como um todo). Vários projetos já foram pensados nesse sentido, mas executá-los não é fácil.
O Projeto Especificador, nascido dentro do Cetemag, tem acontecido timidamente. A Maratona de Palestras para Especificadores, por exemplo, idéia apresentada pelo designer Ludson Zampirolli, para levar informações nas edições da Casa Cor de todo Brasil a esse público, ainda não saiu do papel porque faltam patrocinadores e editais em que ele se enquadre para conseguir verba.
Outro exemplo aconteceu na última edição da Cachoeiro Stone Fair, realizada em agosto. Foi montado o Pavilhão do Mármore para mostrar aos profissionais de arquitetura selecionados de todo o Brasil a dimensão da cadeia produtiva de rochas e o que pode ser feito com seus materiais.
O pavilhão foi montado com recursos da Milanez Milaneze e apoio não-financeiro de poucas empresas. O Bandes subsidiou R$ 20 mil e outras instituições e Governo não se manifestaram em relação ao projeto que, em geral, é cobrado por eles mesmos. A ação poderia alcançar resultados expressivos e fazer parte de uma ação contínua, recebendo especificadores de todo país, contudo, os investimentos não foram suficientes.
O presidente do Cetemag, Emic Malacarne Costa, afirma que embora se proclame a existência de fundos e recursos, até o momento, mesmo com toda a mobilização, não se consegue nenhum investimento. “As instituições fazem a parte delas conseguindo boa parte do valor necessário com os empresários, mas falta o setor público cumprir a sua função nestes casos”, desabafa.
Análise do Ciclo de Vida
Um exemplo claro de como até mesmo os melhores projetos não conseguem verba é a Análise do Ciclo de Vida das Rochas Ornamentais (ACV), apresentado em setembro de 2007 por Ludson Zampirolli, em reunião com o Cetemag e a Aamol.
“Desde o início, enxergamos a preciosidade do ACV. Como a magnitude do projeto vai além do Cetemag, entramos em contato com o Cetem, através da pesquisadora Mônica Castoldi Borlini, e do coordenador do Campus Avançado, Adriano Caranassios. A idéia foi apresentada ao Sebrae, que liberou um consultor para montá-lo conosco”, contou Herman.
Em 30 dias o projeto foi montado, quatro empresas foram convocadas e ele foi enviado para o Finep, através da chamada pública Nº 04/2007 MCT/Finep. Mesmo assim, não foi aprovado. “Há mais de um ano estamos buscando recursos para este projeto, porque sabemos de sua relevância para o arranjo de rochas. O desenvolvimento de um bom projeto também depende do apoio de instituições públicas e privadas”, explica a pesquisadora do Cetem.
No projeto do ACV o setor público não seria responsável por todo o custo. As entidades e empresas dariam R$ 500 mil, em suporte técnico, científico e financeiro, enquanto o recurso do Governo seria de R$ 500 mil. “O projeto também foi apresentado para outras instituições públicas, em reuniões governamentais, e mais uma vez nada aconteceu”, afirma Herman.
O ACV já é realidade nos países concorrentes do Brasil, como Itália, Inglaterra e Espanha. A ironia é que, um ano depois de sua apresentação, o arranjo de rochas se depara com o problema do radônio, com empresas e entidades se desdobrando para dar uma resposta aos mitos que foram criados sobre a quantidade de radônio liberado pelo granito.
De acordo com o presidente do Cetemag, só no ano de 2008, oito projetos foram apresentados às instituições e editais públicos e apenas um conseguiu recurso. “O que falta? Poderíamos argumentar sobre cada um, mas não é essa a questão. O arranjo precisa se mobilizar para cobrar contrapartida do setor público”, explica Emic.
O presidente do Cetemag completa, falando do projeto Valorização e Aproveitamento dos Mármores do Sul do Espírito Santo. “Para o mapeamento da lente de mármore, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, através do professor Edson Farias, conseguiu um recurso que não ultrapassa R$ 80 mil. Esse é um projeto que já está em andamento e também é considerado estratégico, cujo valor estimado é de R$ 250 mil. Se não conseguirmos levantar o valor restante, mesmo com muito esforço, iremos atingir resultados abaixo do que poderíamos atingir”, diz Emic.
SEBRAE
Em meio a tanta burocracia e dificuldade, o superintendente do Cetemag destaca que a atuação do Sebrae tem sido positiva, observando uma grande disposição da entidade junto ao setor de rochas.
“Diversas ações nascem, acontecem e são realizadas em parceria com o Sebrae. Atualmente, estão em andamento reuniões e projetos junto com um grupo de marmorarias de Vitória, os convênios Inteligência Competitiva e Indicação Geográfica, em fase final de assinaturas junto ao Cetemag”, diz Herman.
GARGALOS
O presidente do Cetemag afirma que há muitos gargalos no setor e que, em geral, existem projetos para solucioná-los. No entanto, tais projetos acabam se deparando com outro gargalo: as supostas fontes de recursos não se abrem como deveriam ao arranjo de rochas, deixando seus projetos preteridos pelos de outros setores.
Emic desabafa: “No primeiro semestre de 2008, o setor de rochas ornamentais fechou suas exportações com faturamento de US$ 472,43 milhões, sendo o Espírito Santo responsável por cerca de 65% (US$ 307 milhões). É inadmissível que um setor que contribui tanto para movimentar a economia capixaba e nacional não consiga recursos necessários para suprir os entraves naturais da própria movimentação econômica”, diz.
O presidente finaliza pedindo maior mobilização do setor: “Para o ano de 2009, nós, empresários, temos que nos mobilizar e tentar reverter este quadro. Já passou da hora de o arranjo de rochas ornamentais receber os devidos investimentos a fim de suprir nossos problemas”.
Assim como nos anos anteriores, muitos projetos surgiram em 2008, mas poucos conseguiram sair do papel. Por que será que é tão difícil colocar essas idéias na prática? De acordo com o superintendente do Cetemag, Herman Krüger, a entidade tenta, a todo custo, aprovar seus projetos em editais públicos, mas essa não é uma tarefa fácil.
“Desde que assumi a superintendência do Cetemag ouço as pessoas falando que existem recursos federais e estaduais para o arranjo de rochas e que o que falta são bons projetos. Isso é estranho, uma vez que preparamos bons projetos, que atendem às necessidades do setor, mas que até hoje não conseguiram aprovação”, explica Herman.
Um dos grandes questionamentos dos empresários, entidades, autarquias, bancos e governo, que operam paralelamente ao setor de rochas, é a falta de articulação junto aos especificadores (arquitetos, designers, engenheiros e construção civil como um todo). Vários projetos já foram pensados nesse sentido, mas executá-los não é fácil.
O Projeto Especificador, nascido dentro do Cetemag, tem acontecido timidamente. A Maratona de Palestras para Especificadores, por exemplo, idéia apresentada pelo designer Ludson Zampirolli, para levar informações nas edições da Casa Cor de todo Brasil a esse público, ainda não saiu do papel porque faltam patrocinadores e editais em que ele se enquadre para conseguir verba.
Outro exemplo aconteceu na última edição da Cachoeiro Stone Fair, realizada em agosto. Foi montado o Pavilhão do Mármore para mostrar aos profissionais de arquitetura selecionados de todo o Brasil a dimensão da cadeia produtiva de rochas e o que pode ser feito com seus materiais.
O pavilhão foi montado com recursos da Milanez Milaneze e apoio não-financeiro de poucas empresas. O Bandes subsidiou R$ 20 mil e outras instituições e Governo não se manifestaram em relação ao projeto que, em geral, é cobrado por eles mesmos. A ação poderia alcançar resultados expressivos e fazer parte de uma ação contínua, recebendo especificadores de todo país, contudo, os investimentos não foram suficientes.
O presidente do Cetemag, Emic Malacarne Costa, afirma que embora se proclame a existência de fundos e recursos, até o momento, mesmo com toda a mobilização, não se consegue nenhum investimento. “As instituições fazem a parte delas conseguindo boa parte do valor necessário com os empresários, mas falta o setor público cumprir a sua função nestes casos”, desabafa.
Análise do Ciclo de Vida
Um exemplo claro de como até mesmo os melhores projetos não conseguem verba é a Análise do Ciclo de Vida das Rochas Ornamentais (ACV), apresentado em setembro de 2007 por Ludson Zampirolli, em reunião com o Cetemag e a Aamol.
“Desde o início, enxergamos a preciosidade do ACV. Como a magnitude do projeto vai além do Cetemag, entramos em contato com o Cetem, através da pesquisadora Mônica Castoldi Borlini, e do coordenador do Campus Avançado, Adriano Caranassios. A idéia foi apresentada ao Sebrae, que liberou um consultor para montá-lo conosco”, contou Herman.
Em 30 dias o projeto foi montado, quatro empresas foram convocadas e ele foi enviado para o Finep, através da chamada pública Nº 04/2007 MCT/Finep. Mesmo assim, não foi aprovado. “Há mais de um ano estamos buscando recursos para este projeto, porque sabemos de sua relevância para o arranjo de rochas. O desenvolvimento de um bom projeto também depende do apoio de instituições públicas e privadas”, explica a pesquisadora do Cetem.
No projeto do ACV o setor público não seria responsável por todo o custo. As entidades e empresas dariam R$ 500 mil, em suporte técnico, científico e financeiro, enquanto o recurso do Governo seria de R$ 500 mil. “O projeto também foi apresentado para outras instituições públicas, em reuniões governamentais, e mais uma vez nada aconteceu”, afirma Herman.
O ACV já é realidade nos países concorrentes do Brasil, como Itália, Inglaterra e Espanha. A ironia é que, um ano depois de sua apresentação, o arranjo de rochas se depara com o problema do radônio, com empresas e entidades se desdobrando para dar uma resposta aos mitos que foram criados sobre a quantidade de radônio liberado pelo granito.
De acordo com o presidente do Cetemag, só no ano de 2008, oito projetos foram apresentados às instituições e editais públicos e apenas um conseguiu recurso. “O que falta? Poderíamos argumentar sobre cada um, mas não é essa a questão. O arranjo precisa se mobilizar para cobrar contrapartida do setor público”, explica Emic.
O presidente do Cetemag completa, falando do projeto Valorização e Aproveitamento dos Mármores do Sul do Espírito Santo. “Para o mapeamento da lente de mármore, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, através do professor Edson Farias, conseguiu um recurso que não ultrapassa R$ 80 mil. Esse é um projeto que já está em andamento e também é considerado estratégico, cujo valor estimado é de R$ 250 mil. Se não conseguirmos levantar o valor restante, mesmo com muito esforço, iremos atingir resultados abaixo do que poderíamos atingir”, diz Emic.
SEBRAE
Em meio a tanta burocracia e dificuldade, o superintendente do Cetemag destaca que a atuação do Sebrae tem sido positiva, observando uma grande disposição da entidade junto ao setor de rochas.
“Diversas ações nascem, acontecem e são realizadas em parceria com o Sebrae. Atualmente, estão em andamento reuniões e projetos junto com um grupo de marmorarias de Vitória, os convênios Inteligência Competitiva e Indicação Geográfica, em fase final de assinaturas junto ao Cetemag”, diz Herman.
GARGALOS
O presidente do Cetemag afirma que há muitos gargalos no setor e que, em geral, existem projetos para solucioná-los. No entanto, tais projetos acabam se deparando com outro gargalo: as supostas fontes de recursos não se abrem como deveriam ao arranjo de rochas, deixando seus projetos preteridos pelos de outros setores.
Emic desabafa: “No primeiro semestre de 2008, o setor de rochas ornamentais fechou suas exportações com faturamento de US$ 472,43 milhões, sendo o Espírito Santo responsável por cerca de 65% (US$ 307 milhões). É inadmissível que um setor que contribui tanto para movimentar a economia capixaba e nacional não consiga recursos necessários para suprir os entraves naturais da própria movimentação econômica”, diz.
O presidente finaliza pedindo maior mobilização do setor: “Para o ano de 2009, nós, empresários, temos que nos mobilizar e tentar reverter este quadro. Já passou da hora de o arranjo de rochas ornamentais receber os devidos investimentos a fim de suprir nossos problemas”.
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