Extraído do site Gazeta Online
24/10/2008 - 00h37 - Abdo Filho - afilho@redegazeta.com.br
Se o crédito bancário está difícil para exportadores e para importadores, o mesmo não se pode dizer para os micro e pequenos empresários que atuam no mercado interno.
Embora os juros tenham registrado leve alta nos últimos três meses (tempo do agravamento da crise financeira global), em torno de 0,3 ponto percentual, a oferta de linhas de financiamento ainda é grande.
É possível tomar empréstimos com taxa de 6,75% ao ano, caso do Banco do Nordeste, e com 0,95% ao mês, juro oferecido pelo Banco do Brasil (veja opções no quadro à direita).
Depois que o banco americano Lehman Brothers quebrou e a crise começou, os bancos daqui passaram a ter mais cautela: as análises feitas com as empresas estão mais criteriosas. As instituições estão pedindo, entre outras coisas, garantias reais, um planejamento, mais bem elaborado, de viabilidade econômica e um bom gerenciamento financeiro pelas empresas.
Segundo a gerente de Acesso ao Crédito do Sebrae Espírito Santo, Daniela Negri, o momento realmente exige cautela. "Tenho conversado com vários bancos que atuam no Estado e, realmente, não há mudanças fortes provocadas pela crise, mas não há como negar que as análises estão bem mais minuciosas. Até dois meses atrás havia crédito para todo mundo, hoje já não é mais assim", disse.
O presidente Associação dos Representantes de Bancos do Espírito Santo (Arbes), Jorge Eloy, segue a mesma linha de raciocínio. "O ambiente é de crise e exige esse tipo de postura cautelosa", destacou Eloy.
Daniela Negri destacou que apesar da cautela, o momento não é restritivo. "Se a empresa tiver uma boa gestão, não há porque não apanhar o empréstimo. Estamos em uma crise, mas não podemos parar. Os empresários têm que olhar para frente".
Já o aumento dos juros, diz o representante dos bancos Jorge Eloy, não significa grande impacto na vida dos micro e pequenos empresários. "Existe o efeito, sim, mas não é desastroso. Antes, o aumento era necessário para combater a inflação. Agora, são duas forças que impulsionam a alta: a crise e a inflação".
O juro para capital de giro passou dos 30,4% anuais em junho para os 32,9% anuais em agosto.
Investimento no futuro do projeto
Não tão animado a investir agora, o microempresário Admilson Loureiro, da Zocata (que revende sucatas em metal), vê seu produto cair de preço, diante da redução das vendas para a indústria siderúrgica. "É a crise", disse. Ele procurou um banco, na semana passada, para tomar seu segundo empréstimo neste ano. O anterior ficou em R$ 80 mil. Mas "a gerente não recusou o crédito, mas recomendou que eu esperasse um pouco, antes de pegar o financiamento", relatou. Ele ponderou, decidiu não assumir novas dívidas, e acredita que seu negócio vai continuar dando certo nos próximos meses. Não descarta investimentos futuros.
Onde há empréstimo disponível
Instituições financeiras oferecem limites financiáveis de até 100%
BANCO DO BRASIL
· Cartão BNDES: financia a compra de máquinas, equipamentos, veículos e outros bens de produção para sua empresa, diretamente de fornecedores credenciados no portal do Cartão BNDES.
Valor máximo para contratação: R$ 250 mil
Limite financiável: até 100%
Prazo: entre 3 e 36 parcelas mensais
Taxa: 1,14% ao mês
· Proger Urbano Empresarial: financia investimentos de empresas com faturamento bruto anual de até R$ 5 milhões.
Limite financiável: 80% do valor do projeto
Limite: R$ 400 mil, com ou sem capital de giro associado
Prazo: até 72 meses, incluído período de carência de até 12 meses
Taxa: de TJLP mais 5,33% ao ano (taxa equivalente de 0,95% ao mês)
· BB Giro Rápido: Crédito pré-aprovado, disponível para utilização de uma só vez ou em parcelas.
Limite: até R$ 120 mil
Prazo: 18 parcelas mensais
Taxa de juros de 2,24% a 2,50% ao mês
BANCO DO NORDESTE
· Fundo Constitucional do Nordeste: Investimento fixo mais capital de giro
Limite: sem limite específico
Prazo: 16 anos com carência
Taxa: 6,75% ao ano para micro e 8,25% ao ano para médias
· Capital de giro
Limite: para as micro R$ 180 mil, para a pequenas R$ 540 mil
Prazo: 24 meses
Taxa: a partir de 0,98% ao mês
CAIXA
· Capital de Giro
Taxa: a partir de 1,27% mais TR
Prazo: 24 meses
Limite: depende da capacidade financeira e de aprovação cadastral de cada proponente.
BANESTES
· Arrendamento Mercantil (leasing) ou Financiamento de Bens
Finalidade: Aquisição de bens de consumo (veículos e máquinas) ou de produção (equipamentos, industriais ou de serviços)
Taxa de juros: entre 1,75% a 3% ao mês, de acordo com as características do objeto financiado e o prazo da operação
Prazo máximo de financiamento: em até 60 meses
· Capital de Giro Linha de crédito destinada a suprir deficiência de caixa das empresas, com contratação na agência.
Valor mínimo: R$ 2 mil
Valor máximo: depende da análise cadastral do cliente
Prazo: até 24 meses
Juros: 2,75% a 4,56%, podendo ser alterada em função de garantias, perfil do cliente, entre outros
TAC 1,5% do valor do crédito, com mínimo R$ 200,00 e máximo de R$ 500,00
· Invest Giro Banestes Fampes Linha de crédito destinada a financiamento a micro e pequenas empresas, com faturamento de no máximo R$ 2,13 milhões
Valor mínimo: R$ 2 mil
Valor máximo: R$ 100 mil
Prazo: até 36 meses
Taxa de juros: 1,70% ao mês mais TR
TAC: 1,0% do valor do crédito, com mínimo de R$ 30,00 e máximo de R$ 100,00
BANDES
· Profort: Investimento fixo mais capital de giro
Limite: até R$ 50 mil
Prazo: 72 meses com carência
Taxa: 10% ao ano
· BNDES automático:
Investimento fixo mais capital de giro
Limite: até R$ 10 milhões
Prazo: variável
Taxa: 6% ao ano mais TJLP
· Nossocrédito:
Investimento fixo mais capital de giro
Limite: até R$ 5 mil
Prazo: 21 meses com carência
Taxa: 1% ao mês
SICOOB
· Capital de giro
Limite: não tem
Prazo: 12 meses
Taxa: 1,4% a 4% ao mês
· Investimento fixo
Limites: R$ 400 mil
Prazo: 52 meses com carência
Taxa: 2,05% a 2,2% ao mês
· Investimento fixo mais capital de giro
Limite: até 70% do investimento
Prazo: 72 meses com carência
Taxa: 4% ao ano mais TJLP
Perfil do setor
Importância para a economia
55.003 microempresas - É o número de micronegócios que existem no Espírito Santo.
87,6% do total - É quanto as microempresas representam do total de companhias, de todos os portes, atuantes no Espírito Santo.
62.796 micro e pequenas - É quantas micro e pequenas empresas há no Estado.
97,92% do total - É quanto as micro e pequenas empresas representam do total de companhias, de todos os portes, atuantes no Estado
Rais - IBGE. Dados mais recentes de 2006.
Juros em alta
Evolução das taxas no ES
71,89% agosto/2008 - É a taxa média anual de juro do cheque especial para pessoa jurídica em 2008
62,51% agosto/2007 - É a taxa média anual de juro do cheque especial para pessoa jurídica e, 2007
Fique atento
Tenha muita atenção
Diferença é grande. Procure as melhores opções. Com o mercado instável as variações do preço do "dinheiro" são mais visíveis, portanto, vale a pena pesquisar.
Crédito personalizado. Procure as linhas de financiamento que mais se adaptem ao seu negócio. Por exemplo, não adianta apanhar um empréstimo de curto prazo se o seu negócio exige períodos mais longos. Você pode estar pagando mais caro por algo que não vai te atender. O que define o tipo do empréstimo são as suas necessidades.
Planejamento é importante. Estude bem as expectativas de retorno, porque caso suas expectativas não se confirmem você terá que estar preparado para pagar o financiamento. Tenha um bom projeto de viabilidade econômica e uma gestão financeira eficiente. Os bancos pedem o estudo de viabilidade antes de concederem crédito e o Sebrae faz isso gratuitamente para micro e pequenos empresários.
Acompanhe as notícias. Tenha mais conhecimento do cenário que se apresenta. Busque mais informações, analise a crise e consulte um especialista. Procure, antes de tudo, saber o que está acontecendo.
Documentação. Mantenha as garantias reais desimpedidas, e o cadastro com o banco e as certidões negativas em dia.
Fontes: Arbes e SEBRAE
Fundo do Sebrae pagará dívidas de empresas
A gerente de Acesso ao Crédito do Sebrae-ES, Daniela Negri, revelou que um dos planos da entidade para 2009 é criar uma espécie de fundo empresarial contra possíveis crises de crédito. "O fundo teria contribuições dos empresários, e pagaria os financiamentos que não foram honrados por determinada empresa. Em um momento como esse, se esse fundo já estivesse funcionando, os bancos não ficariam com tanto receio de emprestar. Essa ferramenta funciona muito bem na Europa", explicou.
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