Lixo é matéria-prima de diversas pequenas empresas instaladas em uma incubadora que funciona em aterro sainitário no município de Cariacica, Região Metropolitana de Vitória
Da Agêncioa Sebrae de Notícias
Não é sonho, é realidade. A economia verde e o planeta agradecem. Se todos os aterros sanitários fossem iguais à Marca Ambiental, na Grande Vitória (ES), a humanidade suspiraria aliviada e as futuras gerações certamente teriam menos problemas ambientais para enfrentar.
Além de ser um raro exemplo da iniciativa privada nesse segmento, geralmente identificado como missão do setor público, o aterro sanitário Marca Ambiental, instalado na periferia do município de Cariacica, integrante da região metropolitana da capital capixaba, está mudando definitivamente o significado da palavra lixo e das expressões resíduos sólidos e líquidos para matérias-primas, insumos ou recursos sólidos de novas e inovadoras cadeias produtivas. Essa solução é economicamente viável, gera lucro e empregos, inclusive.
A diretoria da Marca Ambiental sempre foi sensível à questão ambiental e buscou soluções sustentáveis para o tratamento dos resíduos coletados nas ruas e avenidas de Vitória. Atualmente sua clientela é formada pelas prefeituras da capital capixaba e de mais 60 cidades da região metropolitana e do interior, que são responsáveis pelo desembarque de mais de mil toneladas de resíduos por dia no aterro sanitário privado.
Participante do Programa Capixaba de Materiais Reaproveitáveis (PCMR), a empresa foi uma das primeiras a apoiar a iniciativa pioneira, fruto da parceria entre o governo estadual, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos e do Instituto Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, com o Sebrae no Espírito Santo e o Instituto Idéias.
Em 2006, o Instituto Marca de Desenvolvimento Socioambiental (Imadesa) foi fundado para consolidar a atuação da empresa Marca Ambiental na área da responsabilidade social e objetivando se tornar referência no segmento ambiental. Nesse ano, o Imadesa abriu as portas do aterro sanitário para a instalação da primeira incubadora de econegócios ou negócios ambientais do País, denominada Incubalix. O instituto também se tornou um importante parceiro do PCMR.
Parceria e mercado
Parceria é a palavra-chave da iniciativa inédita e exemplar capixaba da empresa, instituto e incubadora de econegócios. A Incubalix foi viabilizada por meio da parceria entre o Imadesa e o Sebrae/ES, segundo seus dirigentes. A preocupação em atuar de acordo com o mercado e com o aval do setor acadêmico é prioridade absoluta da primeira incubadora de econegócios do País.
Desenvolver produtos e serviços correspondentes às necessidades de mercado e possuir viabilidade econômica são premissas condicionantes aos projetos que pretendem se tornar integrantes da Incubalix. O conselho deliberativo da incubadora, composto por representantes da empresa Marca Ambiental, Imadesa e Sebrae/ES, é responsável pela avaliação e aprovação dos projetos dos futuros econegócios e ecoindústrias.
“Para ser incubado aqui, o projeto deve ser inovador em termos de produto, processos e ou serviços. E também tem que ser aceito pelo mercado. Não adianta inventar propostas, que não serão aceitas pelo mercado”, explica Alessandra Schirmer, gestora da Incubalix.
A convocação de participantes se dá por meio de editais. As propostas devem ser oriundas de residentes na Grande Vitória e interior do Estado. Os autores podem ser pessoas físicas ou jurídicas que desejam obter apoio no desenvolvimento de produtos e serviços para a implementação de novas empresas ou já existentes, mas que querem elevar seu nível tecnológico e gerencial para se tornar mais modernas, eficazes e competitivas. Projetos de pesquisa científica e tecnológica também são bem-vindos nos editais da Incubalix.
Primeiro mundo
A curta trajetória da Incubalix, suas instalações e estrutura tecnológica, organizacional, logística e de gestão impressionam autoridades, estudantes, especialistas e visitantes em geral, que conhecem o aterro Marca Ambiental, onde está sediada a incubadora. As ecoindústrias lá incubadas contam com apoio de serviços de escritório, áreas e prédios para instalação, equipamentos e contratação de mão-de-obra local. Gerar emprego e postos de trabalho para as comunidades próximas ao aterro é objetivo importante da incubadora e do Imadesa.
É impossível deixar de relacionar o grande empreendimento sanitário e socioambiental capixaba com similares, implantados em países mais desenvolvidos. Os diversos materiais descartados pelos milhares de moradores de Vitória e municípios vizinhos, que são depositados diariamente no aterro Marca Ambiental, são cuidadosamente armazenados, separados e transportados até as pequenas ecoindústrias, em desenvolvimento e ou funcionamento em sua área.
A sede e instalações do aterro possuem estilo arquitetônico coeso com a proposta do empreendimento, ou seja, são construídos com tijolos e telhas ecológicos, produzidos no mesmo local, entre outros detalhes. Jardins, áreas reflorestadas e até criação de avestruzes e caprinos também fazem parte desse aterro totalmente diferenciado dos demais.
Outro detalhe importante: não se sente mau cheiro, nem se vê urubus sobrevoando as células, enormes e profundas valas devidamente isoladas do solo com material impermeabilizante, para evitar o vazamento e contaminação dos lençóis freáticos, onde são enterrados os resíduos não reaproveitáveis. Ao esgotar a capacidade da célula, sua superfície é reflorestada com mudas de eucalipto e pinus canadense, que darão corte, anos depois.
Incubadas e graduadas
No momento, quatro pequenas ecoindústrias incubadas, e uma quinta candidata, que pretende desenvolver fertilizante orgânico a partir dos resíduos também orgânicos, depositados diariamente em toneladas no aterro, integram a Incubalix. São elas: Biococo, Revertec, Biomarca e Fertsan.
A primeira é considerada o carro-chefe da Incubalix e produz mantas e artefatos feitos com fibras de coco. O produto serve para ser aplicado em áreas degradadas ou desmatadas, pois auxilia no processo de retenção de sementes e mudas jovens no solo, em áreas a serem reflorestadas, entre outras funções. A Revertec recicla e reaproveita materiais oriundos da desmontagem de equipamentos e aparelhos eletroeletrônicos para serem revendidos no mercado interno e externo.
A Biomarca é uma pequena fábrica de biocombustível, cuja matéria-prima são óleos descartados por bares, restaurantes, condomínios, entre outros. Na incubadora, a empresa desenvolve o projeto de uma pasta biopolidora de alumínio, já em fase de registro de patente, que é um subproduto encontrado na produção de biodiesel com aplicação no mercado varejista para limpeza. A Fertsan reaproveita os resíduos do setor sucroalcooleiro, alimentando uma pequena estação de energia termoelétrica no aterro.
Além dos empreendimentos incubados, o aterro Marca Ambiental sedia econegócios já graduados e em franca atividade no mercado capixaba: a ecofábrica de papel reciclado, à base de ervas e flores; a ecoindústria Marca de Vassouras PET para varreção de ruas; a ecoindústria de Marca de Tijolos Ecológicos; a ecoindústria Marca de Telhas Ecológicas; a ecoindústria Marca de Tinta Ecológica, a matéria-prima utilizada são os resíduos da exploração de rochas ornamentais no Estado capixaba; a ecoindústria Marca de Grãos de Plástico; e a ecoindústria Marca de Sacolas Recicladas, de plásticos descartados no aterro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário