28/08/2009 - 00h00 (Outros - Outros)
Rubens Puppin
Todos admiram a beleza e a qualidade do mármore, uma rocha carbonática, originada do metamorfismo do calcário, quando exposto a altas temperaturas e pressão. Suas maiores jazidas estão distribuídas no Brasil, Itália, Grécia, França, Espanha, Argélia, Portugal, Alemanha, Turquia, Israel, Egito, Noruega, Estados Unidos, México, Uruguai, podendo ocorrer nas cores branca, preta, marrom, amarela, azulada, vermelha, cinza, rosa, encarnada e verde, dentre outras.
De acordo com sua origem, os mármores são classificados em três grupos principais: calcário recristalizado por metamorfismo; calcário tipo travertino, formado por precipitação química, e serpentinito, que geralmente é pobre em carbonato de cálcio, mas passível de adquirir um ótimo polimento.
Registros históricos dão conta de que a cal, há mais de oito mil anos, servia como argamassa no rejunte de blocos de mármores em bruto ou de arenito, utilizados na construção de muros, para a proteção de cidades, castelos, palácios, pirâmides etc. Posteriormente, em torno de 4.500 anos passados, o mármore passou a ser polido, constituindo-se na matéria-prima mais nobre, como o é até hoje, no acabamento e ornamento de interiores como pisos, paredes, colunas, escadarias e, ainda, em obras de arte - artes sacras, templos, túmulos, monumentos etc. - em países da Europa, Ásia, África, Oriente Médio.
Os escultores, mesmo os anônimos da Idade da Pedra, já trabalhavam o mármore. Exemplo disso é a estatueta Vênus de Willendorf, esculpida em calcário oolítico, há mais de 20 mil anos. Na Idade Antiga, persas, gregos, romanos e egípcios empregavam enormemente os mármores em estátuas, bustos de deuses, heróis. No Renascimento, Michelangelo abusou dos mármores nas suas magníficas obras como Davi, Moisés, La Pietá , Baco e muitas outras que atraem artistas, escultores, turistas, estudantes e curiosos às cidades do Velho Mundo, em especial à Itália.
No Brasil, os principais produtores de mármore são o Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
No Espírito Santo, as jazidas de mármore ocorrem exclusivamente nos municípios de Cachoeiro, Vargem Alta e Castelo, e pertencem ao grupo dos calcários recristalizados por um metamorfismo, que ocorreu entre o final Pré-Cambriano e o início da Era Paleozóica, entre 450 e 700 milhões de anos, quando a vida no planeta estava iniciando no ambiente aquático.
As jazidas de mármore de Cachoeiro e Vargem Alta, na maioria das vezes, estão interdigitadas com calcário, calcita e dolomita, por isso, outrora, muitas eram utilizadas apenas na produção de pó.
Um aspecto que merece especial destaque é o fato de o mármore gerar resíduos totalmente aproveitáveis, como componentes nas indústrias de fertilizantes, corretivos da acidez do solo, tintas, cerâmicas, cimentos, tijolos, e em diversas outras atividades. Lavoisier estava certo quando decretou que " na natureza nada se cria , nada se perde , tudo se transforma ".
Rubens Puppin é assessor ambiental do Sindirochas.
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